Drones russos armados invadiram o espaço aéreo da Polônia na madrugada desta quarta-feira (10), forçando o país a acionar suas defesas aéreas em coordenação com aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Foram registradas ao menos 19 violações, segundo o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, que advertiu: “Estamos no momento mais próximo de um conflito aberto desde a Segunda Guerra Mundial.”
As autoridades polonesas disseram que os drones decolaram de Belarus, fato considerado por Tusk como uma escalada deliberada.
“Pela primeira vez durante esta guerra, os aparelhos não vieram da Ucrânia, mas sim de Belarus”, disse o premiê. O presidente polonês, Karol Nawrocki, classificou o episódio como um “momento sem precedentes” na história da Polônia e da própria Otan.
A Aliança Atlântica confirmou que suas defesas aéreas participaram da operação que derrubou os drones em solo polonês.
“Numerosos drones entraram no espaço aéreo polonês durante a noite e se depararam com as defesas aéreas polonesas e da Otan”, informou a porta-voz Allison Hart. O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, destacou que o ato desta quarta não se trata de um incidente isolado e garantiu que a aliança está pronta para “defender cada centímetro” do território aliado.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, chamou o ataque de “imprudente e sem precedentes”.
Acusações, contrapontos e restos de mísseis encontrados
A violação russa do espaço aéreo polonês levou ao fechamento temporário de quatro aeroportos no país europeu, incluindo o de Varsóvia, capital da Polônia. As autoridades localizaram destroços de sete drones e de um míssil em diferentes regiões do país, inclusive na província de Lódz, a mais de 300 quilômetros da fronteira com a Ucrânia. Apesar dos danos em uma residência e em um veículo, não houve vítimas.
Enquanto Varsóvia classificou o episódio como “ato de agressão”, Moscou negou intenção de atacar a Polônia. O Ministério da Defesa russo declarou que “não se planejava atingir alvos em território da Polônia” e sugeriu abrir consultas bilaterais. Já Belarus afirmou que os drones se desorientaram devido a “sistemas de guerra eletrônica” e que chegou a derrubar alguns deles em seu território.
Na contramão dessas alegações, autoridades da Alemanha afirmaram que os drones foram lançados de forma “deliberada”.
“Não há absolutamente nenhum motivo para supor que se trate de um erro ou algo similar”, declarou o ministro da Defesa, Boris Pistorius.
Por sua vez, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, classificou a ação russa como “extremamente imprudente”.
Em Washington, o presidente Donald Trump reagiu em tom crítico: “O que a Rússia está fazendo violando o espaço aéreo da Polônia com drones? Lá vamos nós de novo!” Ele também defendeu que a União Europeia imponha tarifas de 100% à China e à Índia pela compra de petróleo russo, que acaba financiando indiretamente a guerra na Ucrânia.
Diante da situação, a Polônia invocou o Artigo 4 da Otan, que prevê consultas imediatas entre aliados quando um membro se sente ameaçado. Varsóvia também pediu uma sessão de emergência no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Apesar de reconhecer que o país enfrenta sua crise de segurança mais séria em décadas, Tusk deixou claro que a Polônia ainda não está em guerra. Mesmo assim, sua advertência ecoa o sentimento de alarme no coração da Europa: “A Polônia tem um inimigo político além de sua fronteira oriental”, lembrou.
Fonte: Gazeta
