O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (`PSB), fez duras críticas neste sábado (16) ao deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), após a informação que o parlamentar participou de uma reunião com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, em Washington.
O encontro ocorreu justamente no mesmo dia em que Bessent havia agendado uma negociação com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para tratar das tarifas de 50% impostas pelos EUA a produtos brasileiros.
Alckmin criticou a atitude de Eduardo Bolsonaro, dizendo ser “lamentável que brasileiros continuem trabalhando contra o Brasil”. Segundo ele, o momento exige união e articulação institucional para proteger a indústria nacional diante das medidas adotadas pelo governo norte-americano, sob a liderança de Donald Trump.
A reunião entre Haddad e Bessent, que seria realizada por videoconferência, acabou sendo cancelada poucos dias após ser anunciada à imprensa. De acordo com Haddad, o aviso de cancelamento chegou por e-mail poucas horas após a divulgação pública da agenda. No mesmo dia da reunião desmarcada, Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo teriam se encontrado com o secretário do Tesouro em Washington.
Alckmin disse que, “apesar da interferência de Eduardo Bolsonaro”, o governo brasileiro segue empenhado nas negociações com os EUA para tentar reverter o tarifaço. Ele destacou que o Brasil é um parceiro comercial relevante para os norte-americanos e que 74% dos produtos que entram no Brasil vindos dos EUA não pagam tarifa de importação.
Durante visita à unidade da Prima Via Fiat, dentro do programa “Carro Sustentável”, o vice-presidente Alckmin também comentou o plano de contingência elaborado pelo governo para minimizar os efeitos da tarifa. Segundo ele, o projeto de lei que destina R$ 9,5 bilhões precisa ser aprovado com urgência. Em relação às dificuldades políticas enfrentadas pelo governo para aprovar suas medidas, afirmou apenas que busca celeridade na tramitação do pacote contra os impactos tarifários.
Alckmin defende plano de compensação a exportadores e diz que medidas não impactam o orçamento
O vice-presidente da República Geraldo Alckmin também afirmou, durante o mesmo evento, que as medidas de apoio às empresas prejudicadas pela tarifa de importação de 50% imposta pelos Estados Unidos não devem causar impacto fiscal negativo. Segundo ele, os recursos envolvidos não representam novos gastos públicos, pois consistem na devolução de valores que já pertencem aos exportadores. A agenda de Alckmin incluiu a verificação das vendas de veículos beneficiados pelo programa Carro Sustentável, que oferece incentivos fiscais para modelos com maior eficiência energética, lançado em julho.
O conjunto de ações foi reunido na Medida Provisória batizada de Plano Brasil Soberano, enviada ao Congresso na última quarta-feira (13), que libera cerca de R$ 30 bilhões para mitigar os efeitos da sobretaxa. Entre os instrumentos previstos estão o Drawback, que prorroga prazos para exportações com insumos importados isentos de tributos, e o Novo Reintegra, que restitui em créditos fiscais parte dos impostos indiretos incidentes sobre produtos exportados.
“Vamos dar 3% de Reintegra. É um resíduo tributário, não é gasto novo”, explicou Alckmin, defendendo agilidade na aprovação da MP e do projeto de lei complementar associado. Ele ressaltou que o Congresso tem papel essencial para garantir que os benefícios cheguem rapidamente aos setores afetados, protegendo a competitividade da indústria brasileira no mercado internacional.
Fonte: Gazeta
