O cargueiro russo Ilyushin IL‑76TD (matrícula RA‑78765), sancionado pelos Estados Unidos desde 2023, que pousou no Brasil no último domingo (10) e partiu rumo a outros países da América do Sul na quarta-feira (13) segue com trajetórias inexplicadas. Neste fim de semana a aeronave está em Havana, Cuba, depois de ter passado, além de outros itinerários, pela Venezuela — evidências de uma missão incomum e cercada de mistério.
O operador do voo não quis ser identificado e chegou a pedir anonimato ao ser questionado pela imprensa. O governo brasileiro ainda não explicou por que a aeronave entrou no país e permaneceu por três dias na Base Aérea de Brasília. Também não há detalhes sobre o conteúdo da carga e a tripulação.
Essa falta de transparência causa apreensão, especialmente pelo histórico da aeronave que comumente transporta armamentos da Rússia para a Venezuela com itinerários que incluíam a Coreia do Norte.
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Até o momento, a rota do IL‑76TD foi a seguinte
- De saída da Rússia: decolou de Moscou, com escalas em Baku (Azerbaijão), Argel (Argélia) e Conacri (Guiné), antes de cruzar o Atlântico rumo ao Brasil.
- Brasil: o avião russo permaneceu três dias na Base Aérea de Brasília (de domingo, 10, a quarta-feira, 13 de agosto) sem registro de voo comercial na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o que sugere missão diplomática ou militar.
- Após sair do Brasil: voou para Santa Cruz de La Sierra (Bolívia), fez parada em Bogotá (Colômbia), seguiu para Caracas (Venezuela), e neste fim de semana desembarcou em Havana (Cuba).
A aeronave pertence à empresa Aviacon Zitotrans, incluída em 2023 na lista de sanções do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (Ofac) por fornecer apoio logístico militar à Venezuela, incluindo transporte de armamentos para o governo de Nicolás Maduro.
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Até o momento, não há esclarecimento oficial sobre a natureza da missão, seu propósito ou tipo de carga transportada. A operação segue sob suspeita, reforçando a necessidade de explicações por parte das autoridades brasileiras.
O deputado General Girão (PL-RN) exigiu explicações do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o pouso do avião russo que esteve no Brasil. Em uma live, Girão levantou suspeitas sobre o transporte de armas, mísseis ou até mercenários com destino à Venezuela, para onde a aeronave seguiu após escalas na Bolívia e Colômbia. A aeronave partiu de Moscou com paradas em países que costumam ser usados para logística militar russa, e a Força Aérea Brasileira (FAB) confirmou sua presença, mas não divulgou o conteúdo da carga.
O episódio ocorre após um telefonema entre Lula e o presidente russo Vladmir Putin, reacendendo críticas sobre a política externa do governo e relembrando o caso polêmico da atracação de navios iranianos no país em 2023.
Outro a pedir explicações foi o senador Marcio Bittar (União-AC) que protocolou pedidos de explicações ao Ministério da Defesa e ao Itamaraty sobre o pouso do avião russo no Brasil. Em seus requerimentos, Bittar questiona quem autorizou a entrada do avião, qual era sua carga, quem eram os tripulantes e se foram cumpridos protocolos internacionais diante das sanções.
O senador criticou duramente a política externa do governo Lula, classificando a recepção da aeronave como um gesto de “cumplicidade” com regimes autoritários e alertou que a soberania brasileira não pode ser usada como moeda de troca em acordos obscuros. Se os requerimentos forem aprovados no Senado, o governo brasileiro terá 30 dias para dar explicações sobre a presença do avião russo no Brasil.
Fonte: Gazeta