O secretário de Saúde de Belém, Rômulo Nina, afirmou nesta quinta-feira (14) que ainda não há um hospital definido para realocar os pacientes durante o período de reforma do Hospital Pronto-Socorro Municipal Mário Pinotti, conhecido como PSM da 14.
Em entrevista ao g1, Rômulo Nina comparou a atual estrutura do principal pronto-socorro de Belém a um “Frankenstein“, repleto de adaptações ao longo dos anos.
“Ele tem estruturas, como um Frankenstein, né? Então ele acaba tendo ali estruturas adaptadas e que, ao final, não contemplam as regulamentações”, afirma.
O secretário disse que o pronto-socorro de Belém é uma mistura de muitas estruturas encaixadas umas nas outras ao longo dos anos, como “puxadinhos”.
Durante a entrevista, Rômulo Nina também não informou uma data específica para o início ou término das obras do PSM da 14.
“O edital ainda está em andamento, não abrimos envelopes ainda, né? Então a gente não tem isso [o nome do hospital que vai receber os pacientes], mas a instituição ganhadora, ela precisa cumprir esses critérios”, afirma.
Terceirização das atividades
Questionado sobre a privatização das atividades do pronto-socorro, Nina afirmou que a medida visa adequar a estrutura às regulamentações, garantir mais segurança para funcionários e pacientes e aprimorar a gestão da saúde.
“Vai ser feita uma terceirização sim, porque é a maneira mais rápida que a gente tem para atender os próprios laudos, pedidos das instituições controladoras. Então a gente precisa tomar essa atitude para poder justamente resolver muitos problemas que hoje nós temos operacionais dentro do pronto socorro”, afirmou.
O secretário de Saúde afirmou ainda que o atual PSM não possui licença da vigilância sanitária para funcionar, pois não obedece a uma série de critérios obrigatórios para executar sua atividade.
A instituição vencedora da licitação deverá ter licença da Vigilância Sanitária e capacidade estrutural e técnica para os atendimentos feitos atualmente no PSM, diz Rômulo Nina.
Atendimento “porta aberta”
O atendimento no hospital que for selecionado pelo edital será mantido no modelo de “porta aberta”, ou seja, qualquer pessoa pode procurar atendimento de emergência sem necessidade de encaminhamento prévio de outro serviço de saúde.
“Todo mundo acessando o atendimento que a gente tem na porta. Quem precisa de atendimento de emergência ou cirurgia sendo atendido, quem precisa de estabilização e transferência para hospitais conveniados também será igual ao que a gente faz hoje”, diz o secretário.
Em sua fala, Rômulo Nina explica ainda que, para que a transferência ocorra, o novo local deve oferecer melhor qualidade e quantidade de leitos, estrutura superior e a mesma capacidade técnica atual do PSM da 14.
MPF realiza consulta pública sobre o futuro do PSM da 14 de Março, em Belém
Apesar de garantir que o novo local deve manter a mesma capacidade técnica, o secretário de Saúde de Belém não detalha o que acontecerá com os atuais trabalhadores da saúde do PSM, nem para onde eles serão realocados durante o período da reforma.
Nesta última quarta-feira (13), funcionários e entidades da área da saúde se posicionaram contrários à desativação total da unidade, durante um encontro na sede do Ministério Público Federal (MPF).
O secretário negou que o Pronto-Socorro Municipal Mário Pinotti, conhecido como PSM da 14, será fechado.
Segundo ele, a unidade é essencial para a população de Belém e para municípios vizinhos, que recorrem ao serviço para atendimento de urgência.
“Não haverá fechamento do pronto-socorro. O que vai ocorrer é a transferência do local de operação”, disse.
Durante a preparação para a COP, o secretário de Belém afirmou de maneira objetiva como será feito o atendimento de saúde na cidade.
Segundo ele, o acordo entre a Sesma e a organização do evento envolve apenas o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).
Ele também afirmou que o Ministério da Saúde forneceu recursos para reformar oito unidades estratégicas de atenção em saúde.
São unidades que atendem populações diretamente afetadas pelas mudanças climáticas”, destacou o secretário.
CRM faz vistoria no mais antigo Pronto Socorro de Belém
Porém, segundo ele, embora o PSM da 14 continue atendendo a população, a unidade não foi designada como foco do planejamento de saúde para a COP30.
Questionado sobre as medidas que a Secretaria Municipal de Saúde de Belém pretende adotar para evitar um possível colapso no atendimento durante a COP 30, o secretário destacou que a demanda deve aumentar significativamente.
Segundo ele, o planejamento vem sendo realizado desde 2023, incluindo o aprimoramento das unidades básicas de saúde e das UPAs.
“O trabalho estruturante inclui ainda protocolos específicos de assistência durante grandes eventos, considerando o aumento de doenças relacionadas à alimentação e à água”, explicou o secretário
Ele acrescentou que a Vigilância Sanitária também intensificou suas ações, no licenciamento de restaurantes e áreas de circulação da população, além da capacitação de profissionais que atuarão no atendimento do SUS durante o evento.
No dia 25 de junho, a prefeitura de Belém informou que o hospital seria reformado e os pacientes seriam atendidos em uma rede privada enquanto durarem as obras.
Os profissionais que trabalham no PSM da 14 protestaram contra o remanejamento de funcionários durante as reformas. Eles também são contra a privatização e terceirização do hospital e protestaram em frente do hospital contra a medida.
A medida de reforma do hospital foi anunciada após vistorias feitas pelo Conselho Regional de Medicina do Pará (CRM-PA) apontarem falhas no PSM da 14 e a Defensoria Pública da União (DPU) recomendar medidas urgentes à Prefeitura de Belém.
Vídeos com as principais notícias do Pará
Confira outras notícias do estado no g1 PA
Fonte: O Liberal
