Alcolumbre reclama da oposição e diz que situação está impossível

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), reclamou nesta quarta-feira (17) que a pressão da oposição pela anistia torna “impossível” que a Casa trate de temas que realmente importam para a população brasileira. Ele destacou que alguns senadores ameaçam “24 horas por dia” obstruir os trabalhos, criam “transtornos” e focam apenas em questões do Judiciário.

Durante a sessão desta tarde, o senador Izalci Lucas (PL-DF) cobrou a análise de uma proposta que trata de reivindicações de trabalhadores terceirizados. “Eu gostaria, presidente Davi, que Vossa Excelência dedicasse 0,001% do seu tempo aos terceirizados. Precisamos organizar uma série de problemas”, disse Izalci.

Alcolumbre disse saber da preocupação do colega com o tema, mas aproveitou o ensejo para fazer um “desabafo” aos senadores. “Na volta do recesso parlamentar, eu encontrei senadores acorrentados na Mesa Diretora do Senado, tirando a possibilidade de nós trabalharmos. Então nós estamos, senador Izalci, com muitos problemas ao mesmo tempo”, apontou.

Ele se referiu ao protesto da oposição contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e em defesa do impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Na ocasião, o presidente do Senado precisou adiar sessões para negociar a saída dos senadores do plenário. Deputados também ocuparam a Mesa Diretora da Câmara para pressionar pela anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, que também pode beneficiar o ex-mandatário.

“Nós estamos com problema com aqueles que falam que vão obstruir 24 horas por dia para não votar mais nada. Nós estamos com o problema daqueles que não querem votar a legislação, porque ficam se atendo aos debates seja do Judiciário, seja do impeachment de ministro do Supremo, seja de anistia”, acrescentou.

Alcolumbre afirmou ainda que “está impossível” tentar contornar essas dificuldades, o que impede, segundo ele, até o consenso para marcar reuniões da Mesa Diretora. “Não conseguimos nos reunir porque todos os dias – de manhã, de tarde e de noite – aparece alguém com alguma ideia, criando problema, criando transtorno, agredindo alguém, ofendendo alguém, puxando um assunto que não é um assunto do Brasil”, reclamou.

“A gente sendo atropelado e dragado por uma mesma conversa desde a última eleição”, ressaltou o presidente do Senado, que se comprometeu a convocar a Mesa Diretora para discutir a demanda de Izalci.

Alcolumbre bate na mesa e diz que não vai mais aguentar agressões calado

O presidente do Senado também afirmou que a todo momento pede equilíbrio, mas que não vai mais aguentar calado as agressões que vem sofrendo. O senador Rogério Marinho cobrou Alcolumbre sobre os dados solicitados pela CPMI do INSS de visitas do empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, a gabinetes de parlamentares, negado pela Advocacia do Senado.

O acesso às informações virou um ponto de disputa entre governistas e oposição na comissão. Alcolumbre destacou que não vai ceder a nenhum dos lados, pois os senadores têm “prerrogativa da inviolabilidade, da confidencialidade de um mandato parlamentar”. Ao responder Marinho, o presidente do Senado também relatou ter sido questionado por uma “autoridade importante” sobre sua ausência na sessão desta terça-feira (16).

“Senador Rogério Marinho, a gente a todo instante agrada e desagrada e eu não estou aqui para agradar ou desagradar todo mundo. Fui informado ontem desse vídeo, inclusive queria dizer, só para fazer um desabafo – está muito bom isso aqui hoje, eu vou começar a fazer assim agora – ontem uma autoridade importante questionou a minha ausência no plenário do Senado”, relatou Alcolumbre, batendo na mesa.

“Eu não preciso avisar para todo mundo, porque eu estava doente. Não foi porque eu quis. Eu queria estar aqui ontem, mas uma autoridade se achou no direito de perguntar: ‘Por que o Davi fugiu?’ Sabe qual é a chance de eu me esconder das minhas atribuições? A minha história diz que é zero”, acrescentou o senador, voltando a bater na mesa.

Eduardo “instiga” EUA contra o Brasil, diz presidente do Senado

Alcolumbre comentou pela primeira vez sobre a atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos. O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) articula sanções contra o país e contra autoridades brasileiras para pressionar pela aprovação de uma anistia “ampla, geral e irrestrita” para seu pai e para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023.

“Não dá para eu ver todos os dias, e é a primeira vez que vou falar disso e terei que falar toda semana, um deputado federal do Brasil, eleito pelo povo de São Paulo, lá nos Estados Unidos instigando um país contra o meu país. Não dá para aceitar todas essas agressões calado”, disse o senador.