Milhares de manifestantes ocupam as ruas de dezenas de cidades em atos por todo o Brasil na manhã deste 7 de setembro, dia da Independência do Brasil, para pedir principalmente a anistia para os presos do 8 de janeiro e o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Sob o lema “Reaja, Brasil”, os atos devem ocorrer ao longo do dia em quase 100 cidades de todos as unidades federativas e também no exterior.
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Em Brasília, os participantes dos protestos se reúnem no Estacionamento da Fundação Nacional de Artes (Funarte) desde as 9h. Entre as autoridades presentes na capital federal, estão os senadores Damares Alves (Republicanos-DF), Izalci Lucas (PL-DF) e Jaime Bagattoli (PL-RO), os deputados federais Alberto Fraga (PL-DF), Bia Kicis (PL-DF) e Zé Trovão (PL-SC), e o ex-desembargador Sebastião Coelho (Novo-DF).
No local, Fraga afirmou que o projeto de anistia será votado pelo Congresso Nacional em 20 dias.
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“A expectativa é que nós reunamos aqui dezenas de milhares de pessoas lutando pelo Brasil, pelo resgate da nossa nação. Nós não vamos admitir que o Brasil fique sob esse regime autoritário e ilegítimo que está posto”, diz o deputado distrital Thiago Manzoni (PL-DF), que está presente no ato.
“O povo brasileiro está dando mais um grito de liberdade. Nós manteremos isso e perserveraremos porque queremos justiça. Queremos que os presos políticos sejam soltos e que o Brasil seja um país livre”, acrescenta.
A mobilização em Brasília ocorre ao mesmo tempo em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa do desfile cívico-militar de 7 de setembro na Esplanada dos Ministérios, com a presença das Forças Armadas, apresentação da Esquadrilha da Fumaça e carros blindados.
Em 2025, os atos de 7 de setembro ocorrem em meio a um cenário político que inclui o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no STF, denúncias contra Moraes reeveladas pelo ex-assessor Eduardo Tagliaferro, a CPMI do INSS, e as tentativas da oposição de avançar com a pauta da anistia no Congresso.
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Em aúdio, Michelle Bolsonaro compara julgamento de Bolsonaro a processos de Moscou
Em uma mensagem gravada em áudio e reproduzida em diversos locais pelo Brasil, a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro disse que as prisões de envolvidos nos atos de 8 de janeiro foram feitas por “autoridades perversas” “movidas por vingança”, lembrou o caso de Débora Rodrigues, presa por escrever a frase “perdeu, mané” com batom na estátua da Justiça, em frente ao prédio do STF, e do empresário baiano Cleriston Pereira da Cunha, o Clezão, preso do 8 de janeiro que morreu vítima de mal súbito no presídio da Papuda.
“Três anos se passaram desde 2022, e a situação só piorou. Movidas por vingança, autoridades perversas prenderam inocentes, crianças foram levadas para um campo de detenção, montado na Polícia Federal (PF). Idosas foram presas por causa do 8 de janeiro e estão sendo espancadas na cadeia, e até um pai de família, o Clezão, morreu na prisão. Débora ‘do batom’ e tantas outras pessoas estão sendo condenadas a penas piores do que a de assassinos e traficantes”, diz Michelle na mensagem.

“As denúncias do ex-assessor de Moraes, Eduardo Tagliaferro, revelaram fraudes processuais, ilegalidades e abuso de autoridade nos processos movidos somente contra pessoas de direita. E quando perguntado por um jornalista por que não denunciou esses crimes antes, ele disse: ‘denunciar para quê no Brasil?’ É por isso que as denúncias estão sendo levadas ao mundo. Isso não é ser contra a soberania, é para salvar o Brasil da ditadura que já estamos vivendo.”
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“O devido processo legal foi destruído, as defesas sabotadas, inclusive a do meu marido. A perseguição política e religiosa avança sobre nós. O pastor Silas Malafaia teve seu caderno de pregações apreendido pelos agentes do governo.”
“Vejam o que estão fazendo conosco: tornozeleira no Jair, prisão domiciliar por pura vingança, invasão em nosso lar, exposição da intimidade da nossa família. Até quando vamos ter que suportar esses abusos?”
“Ministros, vocês prometeram cumprir as leis e defender a nossa Constituição. Ela está sendo rasgada diariamente, e injustiças são cometidas por alguns poucos do vosso meio que se dizem juízes mas agem como tiranos. Defendam o povo e honrem suas promessas solenes.”
“Agora mesmo está em andamento um julgamento que o mundo inteiro observa. Ele é uma grande peça teatral com enredo de perseguição e ilegalidades, lembrando o julgamento de Moscou, onde os opositores eram torturados para confessarem e desde o início já estavam condenados. Isso não é democracia. Eleições pouco ou nada transparentes, liberdades e direitos sequestrados, inocentes perseguidos: isso é ditadura. Mas nós confiamos em Deus. Ele transformará essa dor em vitória.”
Os processos de Moscou foram uma série de julgamentos públicos de opositores de Josef Stálin, ocorridos na União Soviética entre 1936 e 1938, que levaram à prisão e morte de pelo menos 750 mil pessoas, entre líderes, políticos e críticos do regime do ditador.
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“Todos que zombam do povo, defendem ditadores e terroristas e atacam Israel serão derrotados. E os juízes injustos serão também. Eu conheço o meu marido, o meu galego dos olhos azuis. Ele daria tudo para estar aqui, sentindo o carinho de vocês por ele. Hoje, está humilhado e preso porque enfrentou o sistema por amor ao povo. Querem destruí-lo para gritar novamente ‘nós acabamos com o bolsonarismo’, mas não conseguirão.”
“Durante muitos anos, o meu marido foi uma voz solitária ecoando no deserto e que ninguém queria escutar. Mas Deus o levantou para ser o farol da nossa nação. Há sete anos, tentaram matá-lo. Mas Deus o preservou, porque o Altíssimo ainda tem um propósito para ele e para o nosso amado Brasil. Por isso, não desistiremos nunca. Permaneçam firmes nessa luta, jamais desistam, por mais dura que seja a batalha, e orem sempre por nós, por nossa família e pelo futuro do nosso país.”

Em Goiânia, Gayer defende anistia “total, ampla e irrestrita”
Em discurso em Goiânia, o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) citou uma série de acontecimentos recentes que mostrariam que a direita terá sucesso em suas pautas.
“[Donald] Trump ganhando nos Estados Unidos, Mark Zuckerberg [CEO da Meta] decidindo defender a liberdade, Elon Musk comprando o X. Aí depois vêm as sanções. Afinal de contas hoje é ou não um dia Magnitsky?”, disse, fazendo referência à inclusão de Moraes na lista de sancionados pela Lei Magnitsky nos Estados Unidos.
“Aí depois, nessa última semana, o União Brasil e o PP saem do governo, abandonam completamente o governo. E nós, depois de muita articulação, conseguimos mais de 300 votos pela anistia”, ressaltou. “Eles estão desesperados porque sabem que a anistia vai passar. E a anistia não é para um ou para outro, não. Nos só vamos aceitar a anistia total, ampla e irrestrita”, afirmou.
No Rio de Janeiro, os manifestantes se concentram na praia de Copacabana, entre os postos 4 e 5.
Em Belo Horizonte (MG), a mobilização contará com a participação do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG).
Em São Paulo, Tarcísio participa de desfile cívico-militar antes de ir para manifestação
Pela manhã, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), acompanharam o desfile de 7 de Setembro no Sambódromo do Anhembi.
À tarde, o governador deve participar de uma manifestação da direita na Avenida Paulista, programada para iniciar às 15h, onde se espera também a presença do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e de Michelle Bolsonaro.
O desfile em São Paulo, que começou às 9h e se estendeu até o meio-dia, reuniu autoridades políticas e militares, entre elas o presidente da Assembleia Legislativa, André do Prado (PL), e o senador Marcos Pontes (PL-SP).
O ato cívico foi promovido pela Prefeitura em parceria com a São Paulo Turismo, com apoio do governo estadual, das Forças Armadas e de corporações de segurança estaduais e municipais. Ao todo, conforme os organizadores, cerca de 5,8 mil pessoas participaram do evento, sendo 2,5 mil ligadas a escolas e entidades civis e outras 2,8 mil integrantes da tropa militar. O desfile exibiu ainda 151 viaturas, 150 motocicletas e um pelotão com 100 cavalos.
Atos são em favor da “liberdade”, diz Silas Malafaia
O pastor Silas Malafaia é um dos grandes mobilizadores para as manifestações deste 7 de setembro por meio das redes sociais. Ao convocar o povo às ruas, ele diz que o ato é em favor da “liberdade” e contra a “perseguição política vergonhosa”, em referência ao julgamento de Bolsonaro.
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Na mesma linha, o senador Flávio Bolsonaro publicou uma mensagem de mobilização e afirmou que a manifestação é um “grito de liberdade”.
“Não se mata uma ideia! No dia 7 de setembro, seremos milhões de brasileiros nas ruas, unidos em um só grito de liberdade. Não apenas pelo presidente Bolsonaro, mas por todos aqueles que hoje sofrem com a tirania de poucos. É a voz do povo que ecoará, é o Brasil que se levantará! Vamos às ruas! Que Deus abençoe o nosso Brasil”, disse o senador.
Veja a lista de cidades que terão manifestações neste 7 de Setembro
Fonte: Gazeta