O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), negou nesta segunda (1º) ter tratado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a possível cassação do mandato de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A fala de Motta contrasta com a de Lula, que afirmou na última sexta (29) ter discutido o tema diretamente com ele. O petista tem criticado fortemente Eduardo Bolsonaro, chamando-o de traidor.
“Tenho uma ótima relação com o presidente Lula. Todas as vezes em que nos encontramos, tratamos de diversos assuntos de interesse do país, mas esse especificamente não foi um assunto tratado entre nós. Até porque, quando o presidente da Câmara encontra o presidente da República, existem outras pautas muito mais importantes a serem tratadas”, afirmou Motta em um evento em Recife.
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Hugo Motta ainda disse que o projeto de lei da anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023 está na mesa e que será discutida “no momento certo”. Este é o tema central da oposição discutido no momento em que se inicia o julgamento de Bolsonaro por uma suposta tentativa de golpe de Estado.
“Nós temos procurado decidir a favor de pautas que possam dialogar com o momento, mas acima de tudo com a necessidade do nosso país, então vamos continuar tratando a pauta com o respeito devido e, no momento certo, nós vamos deliberar sobre esses assuntos”, pontuou o deputado.
Na fala da última sexta (29), Lula cobrou Motta e o Congresso para cassarem o mandato de Eduardo, que está nos Estados Unidos articulando sanções ao Brasil em defesa do pai.
“Eu já falei com o presidente Hugo Motta, já falei com vários deputados que é extremamente necessário cassar o Eduardo Bolsonaro, porque ele vai passar para a história como o maior traidor da história desse país”, disse o presidente em entrevista à Rádio Itatiaia.
Eduardo Bolsonaro tenta evitar a perda do mandato por faltas e, também na última sexta (29), enviou um ofício a Motta pedindo autorização para exercer as funções de forma remota. No documento, ele argumenta que sua permanência nos Estados Unidos é forçada e motivada por perseguições políticas.
Hugo Motta, porém, assegurou que Eduardo será tratado como qualquer outro parlamentar no processo de análise da cassação. No último dia 15, o presidente da Câmara encaminhou quatro denúncias contra o deputado paulista ao Conselho de Ética, dando prosseguimento ao trâmite regimental.
“Não posso concordar com a atitude de um parlamentar que está fora do país, trabalhando muitas vezes para que medidas tragam danos à economia do país [de origem]. Isso não pode ser admitido”, disse, em referência ao apoio de Eduardo ao aumento de tarifas comerciais anunciado pelo presidente Donald Trump.
Eduardo e o pai foram indiciados, no mês passado, por suspeita de obstrução do processo no Supremo Tribunal Federal (STF). Em ofício à Mesa Diretora da Câmara, Eduardo classificou o indiciamento como indevido e afirmou que ele se deu “em razão da atividade parlamentar legítima que exerço no exterior”.
Fonte: Gazeta