O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), apresentou nesta sexta-feira (22) um pedido de prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por descumprimento de medidas cautelares e “risco de fuga”. O petista disse ter “informações” de que o ex-mandatário estaria planejando se abrigar na Embaixada dos Estados Unidos no Brasil para “frustrar” o julgamento sobre a suposta tentativa de golpe de Estado em 2022.
“Vou reportar à Polícia Federal e ao Supremo Tribunal Federal, mas quero dizer claramente — digo enquanto líder do PT, como deputado desta Casa — eles estão preparando um plano de fuga, de se abrigar na embaixada. Essa denúncia eu faço aqui e assumo as consequências dela”, afirmou o deputado em coletiva de imprensa.
Nesta quinta-feira (21), Lindbergh pediu à Corte o bloqueio de contas de Bolsonaro após a Polícia Federal identificar uma movimentação de R$ 30 milhões em um ano. Para a PF, as operações financeiras foram consideradas pelos investigadores como “suspeitas”.
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“Da casa dele para a Embaixada dos Estados Unidos são 10 minutos. Para mim, ou a Justiça age agora, ou nós vamos abrir um caminho para ele querer criar um impasse e continuar a ficar aqui numa embaixada no Brasil, desmoralizando dia a dia as instituições, fazendo vídeos, fazendo lives. Então, eu acho que a data é hoje”, destacou.
Bolsonaro cumpre prisão domiciliar desde o último dia 4, mas já era alvo de uma série de medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes em julho. Entre as restrições, o ex-presidente usa tornozeleira eletrônica; está proibido de usar redes sociais, inclusive por intermédio de terceiros; está proibido de manter contato com outros investigados; e também não pode se aproximar de embaixadas ou conversar com embaixadores estrangeiros.
Para Lindbergh, a prisão domiciliar “não foi suficiente”, pois o “plano para se abrigar numa embaixada está sendo construído”. O deputado citou ainda que, em fevereiro de 2024, Bolsonaro passou dois dias na Embaixada da Hungria no Brasil. A estadia foi divulgada pelo jornal americano The New York Times e ocorreu quatro dias depois de ter tido seu passaporte apreendido pela PF. Na ocasião, o ex-presidente disse que “não há crime nenhum em dormir na embaixada, conversar com embaixador”.
Na quarta-feira (20), a PF indiciou Bolsonaro e seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por suposta obstrução de Justiça e coação no processo do golpe. No relatório final, os investigadores relataram ter encontrado no celular do ex-presidente o rascunho de um pedido de asilo político na Argentina. Além disso, apontaram que ele teria descumprido as cautelares.
Moraes deu 48 horas para a defesa de Bolsonaro explicar as acusações feitas pela PF. O prazo termina nesta sexta-feira (22), às 20h34. Após a manifestação dos advogados, a Procuradoria-Geral da República (PGR) também terá 48 horas para encaminhar um parecer à Corte.
Ao determinar a prisão domiciliar, o ministro alertou que “o descumprimento das regras da prisão domiciliar ou de qualquer uma das medidas cautelares implicará sua revogação e a decretação imediata da prisão preventiva”. O magistrado deve decidir sobre uma eventual prisão preventiva após a manifestação da PGR.
Fonte: Gazeta