O ex-presidente Michel Temer (MDB) recomendou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que ligue para Donald Trump com a presença da imprensa, pelo menos para dizer que tentou um contato para negociar o tarifaço de 50% imposto aos produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos.
A recomendação ocorre num momento de dificuldade de diálogo pelo alto escalão do governo com seus homólogos norte-americanos, em que os secretários de departamentos como do Tesouro e do Comércio interromperam as conversas. Neste momento, apenas os níveis técnicos estão negociando.
“Eu, se fosse ele [Lula], faria o seguinte: chamaria toda a imprensa, ficaria na sala ao lado, faria a ligação. Eu acho que o Trump o atenderia. Mas, se não atendesse, ele sairia e [diria]: ‘olha, tentei, e amanhã vou tentar de novo”, recomendou Temer nesta quinta (21) em entrevista ao UOL.
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Segundo o ex-presidente, essa atitude seria ainda para mostrar ao povo brasileiro que Lula está tomando providências para a interlocução entre os dois países. O petista, na visão de Temer, precisa deixar de lado o interesse “eleitoreiro” e pensar no país, de manter boas relações com os Estados Unidos.
“O interesse agora não deve ser, digamos, eleitoreiro, a história de soberania do Brasil, ninguém põe o pé aqui e vamos impedir que haja agressões à soberania nacional. Tem que ver o interesse do país, que é de manter boas relações. […] O que não pode haver é essa paralisação”, emendou.
Michel Temer ainda recomendou que os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), liguem para seus homólogos do Congresso do país norte-americano para relatar “problemas dos [Poderes] Executivos, mas nós temos responsabilidades perante o país”.
“Porque, quem governa o país não é só o Executivo, é juntamente com o Legislativo”, completou.
“Lula tem prestígio, mas 2026 ainda é incerto”
O ex-presidente Michel Temer afirmou, ainda, que Lula pode até ter prestígio e estar na frente em algumas pesquisas eleitorais. No entanto, o cenário eleitoral de 2026 ainda é incerto e as candidaturas ainda dependem de articulação política – que o petista vem tentando manter a base que o elegeu em 2022.
“Há hoje partidos que estão no governo, têm representação no governo, mas que têm, digamos, pré-anunciado que não acompanharão uma eventual candidatura. […] Ele [Lula] tem prestígio, tem popularidade. Como tem popularidade também o Bolsonaro, não vamos esquecer disso”, pontuou Temer.
Para ele, as ações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) também pesarão nas eleições do ano que vem, mas há de se considerar o “peso” que ele ainda tem em qualquer um que vier a apoiar. Temer ainda pontua que a próxima eleição terá a busca por uma “candidatura moderada”, e que a unificação da direita será decisiva para o pleito.
“Eu acho o seguinte, qualquer governador desses que estão hoje no páreo, desde o pessoal daqui, sempre citado, o Helder Barbalho, lá no Pará, todos eles são muito modernos. […] Eu acho que se fragmentar demais não é útil. Não é útil para o eleitorado”, completou.
Fonte: Gazeta