O governo dos Estados Unidos anunciou nesta quarta-feira (13) a revogação dos vistos americanos do atual secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, Mozart Júlio Tabosa Sales, e de Alberto Kleiman, ex-funcionário do governo brasileiro. Os dois participaram do planejamento e implementação dos Mais Médicos.
O secretário de Estado americano, Marco Rubio, afirmou que os funcionários sancionados “foram responsáveis ou envolvidos na cumplicidade do esquema coercitivo de exportação de mão de obra do regime cubano, que explora trabalhadores médicos cubanos por meio de trabalho forçado”.
Em nota, Mozart classificou a sanção como “injusta” e afirmou que o Mais Médicos é uma “iniciativa primordial” do governo para garantir atendimento médico a milhares de brasileiros. “Essa sanção injusta não tira minha certeza de que o Mais Médicos é um programa que defende e representa a essência do SUS, o maior sistema público de saúde do mundo – universal, integral e gratuito”, destacou o secretário em um comunicado divulgado no Instagram.
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“Médicos cubanos já prestavam esse atendimento em outros 58 países de diferentes orientações político-ideológicas, por meio de mecanismos de cooperação internacional”, disse Mozart Sales, acrescentando que o governo recorreu à Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) no início do programa.
Rubio criticou a Opas e também anunciou sanções a ex-funcionários da entidade. Segundo o secretário de Estado dos EUA, os sancionados usaram a organização como uma intermediária para implementar o Mais Médicos, “sem seguir os requisitos constitucionais brasileiros, esquivando-se das sanções dos EUA a Cuba”. Veja quem são os dois brasileiros afetados pela medida dos EUA.
Mozart Sales
Mozart Sales é o braço direito do ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Os dois criaram o Mais Médicos, em 2013, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Na época, Padilha também comandava a Saúde. O secretário sempre trabalhou próximo ao ministro durante as gestões petistas.
Entre 2009 e 2010, Mozart atuou como chefe de gabinete e assessor-chefe da Secretária de Relações Institucionais, quando Padilha era ministro da pasta. No Ministério da Saúde, Mozart exerceu diversos cargos: assessor de gabinete do ministro (2003 a 2004); chefe de gabinete (2011 a 2012); secretário Nacional da Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde do Ministério da Saúde (2012 a 2014).
O secretário é médico formado pela Universidade de Pernambuco e fez residência em Clínica Médica, especialização em Medicina Legal e doutorado em Saúde Integral pelo Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip).
Mozart é servidor concursado do Hospital Universitário Oswaldo Cruz da Universidade de Pernambuco desde 1999, e médico legista do Instituto de Medicina Legal de Pernambuco desde 2001. Entre 2005 e 2009, foi professor no departamento de Medicina Social da Universidade de Pernambuco nas disciplinas de Deontologia e Medicina Legal. Além disso, entre 2004 e 2008, foi vereador em Recife (PB).
Alberto Kleiman
Alberto Kleiman foi diretor do Departamento de Relações Internacionais do Ministério da Saúde de abril de 2012 a janeiro de 2015, durante a implementação do Mais Médicos. Entre janeiro de 2015 e fevereiro de 2022, foi diretor de Relações Exteriores, Parcerias e Mobilização de Recursos na Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
Kleiman foi diretor de Relações Institucionais e Parcerias da Secretaria Extraordinária para a COP 30 do governo Lula (PT) entre abril e dezembro de 2024. Atualmente, é coordenador-geral para a COP 30 da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), entidade intergovernamental da qual fazem parte os governos de países que têm floresta amazônica em seus territórios.
Ministro da Saúde defende aliados que tiveram vistos revogados
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que o “Mais Médicos, assim como o PIX, sobreviverá aos ataques injustificáveis de quem quer que seja”. Ele destacou que “saúde e soberania não se negociam” e criticou os Estados Unidos. O governo americano não anunciou restrições a Padilha ou a ex-presidente Dilma Rousseff.
“O programa salva vidas e é aprovado por quem mais importa: a população brasileira. Não nos curvaremos a quem persegue as vacinas, os pesquisadores, a ciência e, agora, duas das pessoas fundamentais para o Mais Médicos na minha primeira gestão como Ministro da Saúde, Mozart Sales e Alberto Kleiman”, ressaltou Padilha em uma publicação no X.
“Nesse Governo atual, em 2 anos, dobramos a quantidade de médicos no Mais Médicos. Temos muito orgulho de todo esse legado que leva atendimento médico para milhões de brasileiros que antes não tinham acesso à saúde”, acrescentou.
Fonte: Gazeta