Um avião russo de grande porte, usado em missões militares, pousou no Aeroporto Internacional de Brasília. A aeronave Ilyushin IL-76 é um cargueiro estratégico que pertence à empresa Aviacon Zitotrans, que é alvo de sanções do governo dos Estados Unidos desde 2023 por ter realizado voos com cargas suspeitas para a Venezuela.
O pouso ocorreu na manhã de domingo (10/8), às 8h12, no aeroporto Juscelino Kubitschek, segundo informou a Força Aérea Brasileira (FAB) por meio do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA). Ainda de acordo com a FAB, a aeronave tem previsão de decolagem na quarta-feira (13/8).
O objetivo do pouso do IL-76 no Brasil, no entanto, ainda não foi divulgado oficialmente e levantou suspeitas. A Gazeta do Povo questionou a FAB, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e o Itamaraty sobre o motivo da entrada da aeronave no território brasileiro, o conteúdo da carga e a tripulação, mas não obteve retorno sobre estes pontos até o fechamento da matéria.
A presença da aeronave russa ocorre um dia após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fazer contato por telefone com o ditador russo Vladimir Putin. O Planalto afirmou, em nota, que os dois discutiram o atual cenário político e econômico internacional e falaram sobre a cooperação entre ambos os países no âmbito do Brics (bloco diplomático formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Etiópia, Indonésia e Irã).
A presença do cargueiro estratégico russo em Brasília gerou polêmica nos corredores do Congresso nesta terça-feira. Dois deputados da oposição ouvidos pela reportagem disseram estudar requerer informações sobre a presença da aeronave ao Ministério da Defesa. Eles pediram para não ter os nomes revelados por comentar assunto sensível no momento em que os Estados Unidos estudam a possível aplicação de mais sanções ao Brasil.
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Segundo um dos parlamentares, a presença do avião russo sancionado lembra um episódio ocorrido no início de 2023, quando o governo Lula autorizou dois navios militares iranianos a atracarem no Brasil. A fragata Iris Dena e o porta-helicópteros Iris Makran permaneceram no porto do Rio de Janeiro entre os dias 26 de fevereiro e 4 de março.
A autorização ocorreu mesmo após a embaixadora dos EUA no Brasil, Elizabeth Bagley, alertar para riscos como envolvimento dos navios com comércio ilícito e terrorismo, incluindo acesso à ONU.
A ancoragem dos navios ocorreu após o segundo pedido do Irã. Na primeira oportunidade, ocorrida no final de janeiro, o procedimento foi adiado para evitar que soasse como uma provocação ao governo norte-americano, já que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria um encontro com o então presidente dos EUA, Joe Biden no dia 10 de fevereiro.
O conflito entre Irã e Israel neste ano motivou o deputado Adilson Barroso (PL-SP) a solicitar a instalação de uma CPI para apurar o motivo da presença das embarcações.
Fonte: Gazeta