Apesar da expectativa do governo, o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil não ajudou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reduzir sua rejeição entre o eleitorado. Pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira (1º) mostrou que o petista é reprovado por 40% e aprovado por apenas 29% dos brasileiros. O levantamento vai na contramão de outros institutos que haviam apontado, no começo de julho, um leve recuperação da popularidade do Executivo.
Na pesquisa anterior, de junho, Lula tinha 28% de ótimo e bom e os mesmos 40% de ruim e péssimo. O regular passou de 31% para 29%, e 1% não deu opinião. Quando questionados acerca do trabalho de Lula como presidente, há estabilidade estática de números ante o resultado de junho: 50% o reprovam e 46% o aprovam.
O Datafolha ouviu 2.004 eleitores de 130 cidades no país entre os dias 29 e 30 de julho. A margem de erro de dois pontos para mais ou para menos.
Os números registrados pelo instituto mostram, ao menos até aqui, uma estabilização após a queda histórica da popularidade de Lula. Em fevereiro, por exemplo, apenas 24% avaliavam o petista como ótimo/bom, pior nível de seus três mandatos. Na inversão da curva, o ruim/péssimo chegou a 41%, taxa que se manteve estável com pequenas oscilações dentro da margem de erro até aqui.
A pesquisa mais recente mostra ainda que a estratégia adotada pelo Palácio do Planalto para tentar capitalizar politicamente a crise com Donald Trump não surtiu efeitos na popularidade de Lula. Uma das estratégias do PT foi a de atrelar ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a responsabilidade pela taxação contra o Brasil.
Uma campanha de defesa da soberania feita pelo partido nas redes sociais por meio de inteligência artificial mostra o cachorro caramelo como um patrimônio nacional enquanto ilustra a família Bolsonaro como vira-lata. A ideia do PT é apostar em ataques visando um aumento da rejeição a candidatos da direita – que perdure até 2026.
Revogação de visto de Moraes por Trump é apoiada por 47%
A pesquisa Datafolha revelou ainda que 47% dos brasileiros aprovam a revogação de vistos americanos do ministro Alexandre de Moraes, seus familiares e outros membros do Supremo Tribunal Federal (STF) pelo governo Donald Trump. Por outro lado, 42% dos entrevistados condenam a medida.
O apoio à revogação do visto americano de Moraes é maior entre pessoas declaradamente apoiadoras do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com um índice de 68%. Já entre os petistas, o número cai para 32%.
A revogação dos vistos de Moraes foi anunciada em 18 de julho no X, pelo secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio. A medida também alcançou outros sete ministros do STF: Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia, Edson Fachin e Gilmar Mendes, além do Procurador-Geral da República (PGR), Paulo Gonet.
O questionário do Datafolha foi aplicado antes da decisão de Donald Trump incluir Moraes na lista de sancionados pela Lei Magnitsky, punição divulgada na quarta-feira (30). Com a punição, todos os eventuais bens do magistrado nos EUA estão bloqueados, bem como qualquer empresa eventualmente ligada a ele. Cidadãos americanos também não podem fazer negócios com o ministro do STF.
Ao se manifestar nesta sexta-feira, Moraes disse que a sanção dos EUA será ignorada e que ele continuará atuando como relator da ação penal sobre a suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. “O rito processual do STF irá ignorar as sanções praticadas. Esse relator vai ignorar as sanções que foram aplicadas e continuar trabalhando como vem fazendo tanto no Plenário quanto na Primeira Turma, sempre de forma colegiada, diferentemente das mentiras, inverdades e desinformação das redes sociais”, disparou Moraes
Datafolha mostra divisão entre brasileiros sobre prisão de Bolsonaro
O Datafolha mostrou ainda que 48% dos brasileiros defendem a prisão de Jair Bolsonaro no caso que investiga a suposta tentativa de golpe de Estado. A número aponta um empate, dentro da margem de erro, com os 46% que o desejam livre. Além disso, 51% acreditam que o ex-presidente vai escapar da cadeia.
Na rodada anterior, 52% achavam que o ex-presidente merecia ir à prisão, ante 42% que diziam o contrário. A pesquisa mostrou ainda que o projeto da anistia aos presos do 8 de janeiros é rejeitada por 55% dos brasileiros. Outros 35%, por sua vez, aprovam a ideia.
Fonte: Gazeta