O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), e a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT-PR), não esperam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) converse com Donald Trump antes de sexta-feira (1º), data em que entra em vigor o tarifaço de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros.
Ambos descartam um contato imediato e defendem uma negociação bem estruturada antes de qualquer diálogo direto entre os dois presidentes. Há o receio de que a conversa evolua para hostilidades como ocorreu com os líderes da Ucrânia e da África do Sul.
“Não vamos resolver isso daqui até o dia 1º, é sexta-feira. O encontro de dois presidentes da República não se prepara da noite para o dia”, pontuou Wagner, que está em missão oficial em Washington.
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A conversa de Lula e Trump é defendida pelos oito senadores da comitiva e foi citada nas reuniões com empresários e políticos norte-americanos. No entanto, disse Wagner, o objetivo neste momento é reconstruir pontes diplomáticas e políticas a médio prazo, e não em soluções de impacto imediato.
Já Gleisi Hoffmann afirma que o diálogo só ocorrerá quando houver sinalização clara por parte dos Estados Unidos.
“Vamos recordar que o presidente Trump disse que não quer conversar agora. Então não adianta o presidente Lula buscar a conversa. Uma negociação entre dois chefes de Estado tem uma preparação dos negociadores para que isso aconteça”, disse a ministra.
Ela reforçou que Lula está aberto ao diálogo, mas que o governo brasileiro espera reciprocidade e que, “obviamente”, “isso só vai acontecer quando tiver condições de que os Estados Unidos também ofereçam abertura para essa conversação e a negociação comercial que nós desejamos fazer”.
As declarações foram feitas após a participação da ministra no fórum Brasil-União Europeia, que discutiu as parcerias comerciais entre o país e o bloco europeu. Durante o evento, ela retomou as críticas ao tarifaço de Trump, classificando-as como agressivas e por motivação política.
“O Brasil, por exemplo, está sendo ameaçado por parte do governo dos EUA com medidas unilaterais no campo comercial, que não se justificam sob qualquer argumento objetivo. Ao contrário, trata-se de verdadeiras sanções com motivação política explícita e igualmente injustificável”, disparou.
Um pouco mais cedo, o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, também sinalizou a possibilidade de uma conversa entre Lula e Trump, mas ressaltando que há uma preparação para isso. Segundo ele, há uma expectativa de que os Estados Unidos possam demonstrar maior disposição para negociar com o Brasil nos próximos dias.
Fonte: Gazeta