A ministra Gleisi Hoffmann (PT), das Relações Institucionais, chamou o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), nesta terça (29), de “traíra”, e afirmou que o tarifaço de 50% imposto ao Brasil pelo presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, não se justifica.
As críticas ocorreram durante um encontro com representantes da União Europeia em Brasília, bloco que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende desenrolar o acordo econômico negociado há anos e que, após a política tarifária de Trump, foi impulsionado.
“Esse é um traíra, comete crime de lesa-pátria. Não tem o direito de continuar deputado pelo Brasil. Com certeza, eu espero que o Congresso Nacional, a Câmara dos Deputados tomem medidas para que esse traíra não possa representar mais nenhuma instituição brasileira”, afirmou a jornalistas.
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Já durante o evento em si com representantes do bloco europeu, Gleisi seguiu na crítica e afirmou “nenhum país soberano pode aceitar” as medidas adotadas por Trump, que ela classificou como “ingerência externa” nos processos e decisões do Poder Judiciário, do Congresso Nacional e de qualquer outra instituição.
“O Brasil está sendo ameaçado pelo presidente dos Estados Unidos com medidas unilaterais no campo comercial que não se justificam sob qualquer argumento objetivo. Ao contrário, trata-se de verdadeiras sanções com motivação política explícita, e igualmente injustificável”, afirmou a ministra que cuida da articulação política entre o Planalto e o Congresso.
Ela ainda afirmou que o momento é de um “grande desafio para a paz, a democracia e o multilateralismo que tanto valorizamos”.
“O governo do presidente Lula segue buscando persistentemente o diálogo no campo comercial, e já expressou seu repúdio às sanções agressivas contra autoridades constituídas de nosso país. […] A soberania não se negocia”, concluiu.
Esta última citação foi em referência à revogação do visto americano de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), entre eles de Alexandre de Moraes, relator da ação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela suposta tentativa de golpe de Estado.
Um pouco mais cedo, o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, afirmou que o governo está preparando um diálogo entre Lula e Trump para negociarem um acordo para o tarifaço. No entanto, ainda não há previsão de quando deve ocorrer.
“Quando dois chefes de Estado vão conversar, tem uma preparação antes para que não seja uma coisa que subordine um país ao outro. De dois países soberanos, não é uma coisa que sai correndo atrás”, pontuou.
O próprio presidente Lula amenizou o tom das críticas nesta segunda (28) e se mostrou aberto ao diálogo com Trump, dizendo esperar que o presidente norte-americano “reflita a importância do Brasil e resolva fazer aquilo que no mundo civilizado a gente faz”.
“Tem divergência? Senta numa mesa, coloca a divergência do lado e vamos tentar resolver. E não de forma abrupta, individual, tomar a decisão de que vai multar, taxar o Brasil em 50%”, completou.
Fonte: Gazeta