O general da reserva Mário Fernandes confirmou nesta quinta-feira (24) ser o autor do chamado plano “Punhal Verde e Amarelo”, que previa — segundo a Polícia Federal — o sequestro e o assassinato do presidente Lula (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
A declaração ocorreu durante o interrogatório do “núcleo 2” na Primeira Turma da Corte. Fernandes destacou que o plano era apenas um “pensamento digitalizado” e disse que não compartilhou o documento com ninguém.
“Confirmo. Esse arquivo digital nada mais retrata do que um pensamento meu que foi digitalizado — um compilado de dados, um estudo de situação, uma análise de riscos que eu fiz e, por costume próprio, resolvi inadvertidamente digitalizar. Não foi apresentado a ninguém esse pensamento digitalizado e não foi compartilhado com ninguém”, disse ao ser questionado pelo juiz auxiliar Rafael Rocha, que atua no gabinete de Moraes.
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“Eu garanto que, se meu HD fosse extraído dos autos do processo, em nada isso impactaria o processo ou mesmo a parte das denúncias, porque o que foi contato até aqui sobre esse arquivo é absolutamente descontextualizado”, acrescentou o general.
Ex-secretário-geral da Presidência no governo Bolsonaro (PL), Fernandes foi preso durante a Operação Contragolpe, deflagrada pela PF no dia 19 de novembro de 2024.
Na ocasião, a PF disse ter identificado a existência de um planejamento operacional denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que “seria executado no dia 15 de dezembro de 2022, voltado ao homicídio dos candidatos à Presidência e Vice-Presidência da República eleitos”.
“Não passa de um pensamento digitalizado. Hoje eu me arrependo de ter digitalizado isso, mas o mais importante: não passa de um compilado de dados, a visão de um militar, que não foi compartilhado com ninguém”, reiterou o militar durante o interrogatório.
Ele confirmou que imprimiu o plano no Palácio do Planalto, mas disse ter rasgado o documento em seguida. “Eu imprimi para ler em papel, para não forçar a vista e logo depois eu rasguei”, disse. O general negou que o arquivo seria apresentado em uma reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Após o interrogatório, o ministro Alexandre de Moraes abrirá o prazo para as alegações finais da Procuradora-Geral da República (PGR) e dos réus. Depois dessa etapa, o processo será liberado para julgamento. O “núcleo 2” é formado por:
- Fernando de Sousa Oliveira (delegado da Polícia Federal);
- Filipe Martins (ex-assessor internacional da Presidência da República);
- Marcelo Costa Câmara (coronel da reserva do Exército e ex-assessor da Presidência);
- Marília Ferreira de Alencar (delegada e ex-diretora de Inteligência da Polícia Federal);
- Mário Fernandes (general da reserva do Exército);
- Silvinei Vasques (ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal).
Fonte: Gazeta