O Exército reestruturou a organização do Comando de Operações Especiais, conhecido por abrigar os chamados “kids pretos”. O comandante da Força, general Tomás Paiva, transferiu o controle do 1º Batalhão de Operações Psicológicas, que era parte da unidade de elite, para o Comando Militar do Planalto (CMP).
A portaria que altera a subordinação do batalhão foi assinada por Paiva no dia 10 de julho. Com isso, a sede do Batalhão de Operações Psicológicas será transferida de Goiânia (GO) para Brasília (DF).
“Fica determinado que o Estado-Maior do Exército, os órgãos de direção setorial, o Órgão de Direção Operacional, os órgãos de assistência direta e imediata ao Comandante do Exército e o CMP adotem, em suas áreas de competência, as providências decorrentes”, determinou o comandante do Exército.
O Comando de Operações Especiais, sediado em Goiânia (GO), é formado por batalhões de Forças Especiais e de Ações de Comandos e pelo Batalhão de Operações Psicológicas. Na prática, a portaria esvazia a atuação do Comando de Operações Especiais, que ficava isolado do resto da Exército.
Em dezembro de 2024, o Exército criou um grupo de trabalho para reformular o setor de Operações Especiais, onde atuam os “kids pretos”, treinados para atuar em missões sigilosas e “operações de guerra irregular”, como guerrilha urbana.
Na ocasião, a corporação informou à Gazeta do Povo que a iniciativa era parte do “aprimoramento” da divisão e não estava vinculada à investigação da Polícia Federal sobre a suposta tentativa de golpe de Estado em 2022.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou ao Supremo Tribunal Federal (STF) 23 militares suspeitos de envolvimento na trama golpista, 12 deles são “kids pretos”. Segundo a investigação, integrantes da unidade teriam utilizado técnicas que aprenderam no Exército para viabilizar o suposto plano de golpe.
Para a PF, militares das Forças Especiais teriam sido os responsáveis pelo plano de assassinato do presidente Lula (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes.
O grupo de trabalho contou com 21 militares, que se reuniram de janeiro a março deste ano. O plano previa a entrega do relatório até o final de março de 2025. A corporação destacou que a avaliação do GT não teria “motivação específica” e apenas atenderia ao Planejamento Estratégico do Exército 2024-2027.
O GT atualizou o processo de seleção para dificultar a entrada de militares na unidade dos kids pretos, segundo apuração do jornal Folha de S. Paulo. O objetivo seria reduzir o número de membros da divisão e impedir o acesso dos oficiais mais novos.
Fonte: Gazeta