No programa Última Análise desta segunda-feira (21), os convidados analisaram a última investida de Alexandre de Moraes contra Jair Bolsonaro e como a pauta do impeachment do ministro voltou ao debate. Em despacho publicado na tarde de ontem (21), Moraes proibiu o ex-presidente de utilizar as redes sociais, diretamente ou por intermédio de terceiros, para transmitir, retransmitir ou veicular áudios, vídeos ou transcrições de entrevistas em qualquer plataforma, sob pena de prisão.
Após deixar a Câmara dos Deputados, Bolsonaro foi cercado pela imprensa e por apoiadores, mostrou a tornozeleira eletrônica e fez uma breve declaração. Então, Moraes determinou que os advogados do ex-presidente se manifestassem sobre suposto descumprimento de medidas cautelares, também sob risco de prisão do ex-presidente.
“Eles querem enterrar o bolsonarismo, silenciar o ex-presidente e impedir eleições. Isso de modo absolutamente injusto, violando a soberania, que é não do STF, mas sim do povo”, afirmou o ex-procurador Deltan Dallagnol. Ele recorda que, à época da Operação Lava Jato, o presidente Lula, diferente de Bolsonaro, podia dar entrevistas, ainda que suas falas pudessem ser consideradas como ataques às instituições.
O jurista André Marsiglia disse que se trata de uma reação do STF contra a direita, que ascendeu politicamente a partir de 2012, sobretudo pelas redes sociais. “O Judiciário, a partir do STF, passou a ser não mais um instrumento de justiça, mas um instrumento de alcance político”, ele observou.
“É uma prisão sem ele estar preso”, criticou o vereador Guilherme Kilter. Por outro lado, ele ressalvou, a censura de Moraes poderá ter um efeito contrário, dando ainda mais destaque ao ex-presidente. “Não fosse a decisão, não teria este tanto de jornalista no Congresso Nacional, no meio de um recesso”, ele disse.
A pronta reação da oposição
Em resposta à decisão de Moraes, a bancada do Partido Liberal (PL) comunicou que a lei de anistia aos presos pelo Oito de Janeiro, a proposta de emenda à Constituição para o fim do foro privilegiado e o impeachment de Moraes serão prioridades da articulação política para os próximos meses.
“É preciso pautar o impeachment do Alexandre Moraes para que Donald Trump recue. Ele não vai parar enquanto não houver retaliação contra Moraes. E quem tem poder para fazer isso é o Senado”, afirmou Kilter. O vereador explicou que, resolvida a perseguição de Moraes a Bolsonaro, todos os outros problemas do imbróglio com Trump também irão se resolver.
Já Marsiglia expressou ceticismo quanto à capacidade do Legislativo em confrontar o STF: “Não vejo como pensar em impeachment do Moraes sem o impeachment dos presidentes das casas legislativas”. Para o jurista, o Congresso Nacional é refém de interesses, que não são o do povo, nem dos próprios parlamentares, e a pressão pode não surtir efeito.
O programa Última Análise faz parte do conteúdo jornalístico ao vivo da Gazeta do Povo, no YouTube. O horário de exibição é das 19h às 20h30, de segunda a sexta-feira. A proposta é discutir de forma racional, aprofundada e respeitosa alguns dos temas desafiadores para os rumos do país.
Fonte: Gazeta