O senador Eduardo Girão (Novo-CE) defendeu nesta sexta-feira (18) o fim imediato do recesso parlamentar para que o Senado vote pedidos de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele classificou como “sórdida e programada” a operação da Polícia Federal que impôs medidas cautelares contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de acesso às redes sociais — justamente no dia seguinte ao início do recesso constitucional.
Para Girão, a data da operação foi escolhida estrategicamente para “calar o Parlamento” e impedir reações imediatas de aliados de Bolsonaro. “Fazer isso um dia após o recesso é para excluir a voz dos parlamentares que poderiam reagir a essa perseguição. Por mais que alguém critique Bolsonaro ou não goste dele, isso é implacável, injusto. Se o Brasil tivesse o mínimo de Justiça — e não justiçamento — isso seria rechaçado por todos, independente de corrente ideológica.”, disse à Gazeta do Povo.
O senador manifestou solidariedade ao ex-presidente e à sua família, e afirmou que o episódio revela um “ódio orquestrado” contra Bolsonaro, com consequências que extrapolam a política e afetam a credibilidade institucional do país. “O presidente americano não está reagindo por causa da tarifa — ele está reagindo à censura imposta ao Brasil, ao autoritarismo. O mundo já não enxerga o Brasil como uma democracia”, alertou.
Girão cobrou ação imediata do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), pedindo que convoque sessão extraordinária para suspender o recesso e votar os pedidos de impeachment contra ministros do Supremo.
“O Senado está sendo um puxadinho do governo Lula, alinhado politicamente a ministros do STF. O silêncio e o acovardamento do Congresso estão custando caro. Quem vai pagar essa conta é o povo brasileiro, que está no meio desse fogo cruzado.”
Na avaliação do senador, o Congresso precisa reassumir seu papel de freio institucional e responder com firmeza ao que chamou de “escalada autoritária”. “Não se trata de defender um político, mas a democracia e a liberdade do Brasil. Precisamos sair da omissão antes que seja tarde demais.”
O Senado Federal acumulou um número considerável de pedidos de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) nos últimos anos. De acordo com dados atualizados, entre 2021 e 2025, foram protocolados 57 pedidos de impeachment contra ministros do STF.
Dentre os ministros, Alexandre de Moraes é o que mais recebeu pedidos, totalizando 27 representações. Em setembro de 2024, foi entregue um “superpedido de impeachment” contra o ministro Alexandre de Moraes, que contou com a assinatura de diversos deputados e juristas, sendo classificado por Girão como o “maior pedido de impeachment da história do Senado”.
Presidentes da Câmara e do Senado negam fim do recesso
Apesar do apelo, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), rejeitaram o pedido do PL para suspender o recesso e retomar as atividades legislativas.
“O recesso parlamentar de julho está mantido. Durante as próximas duas semanas, não haverá sessões deliberativas nem funcionamento das comissões”, afirmou Alcolumbre.
Em nota, a assessoria de Hugo Motta confirmou a decisão: “O recesso parlamentar de julho está confirmado, conforme previamente estabelecido. Durante esse período, não serão realizadas votações em plenário nem reuniões das comissões permanentes da Casa.”
Fonte: Gazeta