O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta quinta-feira (17) que a ameaça de sanção feita pelo secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Mark Rutte, ao Brasil é “totalmente descabida”. Rutte alertou que os parceiros comerciais da Rússia podem ser atingidos por tarifas secundárias dos Estados Unidos contra Moscou.
Vieira destacou que o Brasil não pretende dialogar com a entidade. “Dialogar com a Otan, não. Nós não fazemos parte. A Otan, é preciso que fique claro: é uma organização militar, Organização do Tratado do Atlântico Norte. O Brasil não é parte, nem os outros dois países que o secretário-geral mencionou”, disse o chanceler em entrevista à GloboNews.
“Eu acho uma declaração dele totalmente descabida, fora de propósito, fora da área de competência dele. Ele tem que tratar da aliança militar”, acrescentou. Além do Brasil, o chefe da Otan afirmou que China e Índia também podem enfrentar sanções. Rússia, China, Índia e Brasil fazem parte do Brics, alvo de críticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
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Na segunda-feira (14), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou aplicar tarifas de 100% sobre produtos importados da Rússia e impor uma taxação secundária no mesmo patamar a nações parceiras. O objetivo é forçar o líder russo, Vladimir Putin, a aceitar um acordo para interromper a guerra com a Ucrânia dentro de 50 dias.
A Otan é uma aliança militar formada por 31 países da América do Norte e da Europa. Vieira disse que “talvez” Rutte não saiba que a entidade “não tem alcance comercial”.
“Talvez ele esteja mal-informado, não saiba que é uma organização militar, não tem alcance comercial. Sobretudo porque, se for assim, países membros da Otan que são membros da União Europeia – e que comerciam com a Rússia e compram grandes quantidades de petróleo e de gás – teriam que ser também sancionados”, apontou o ministro.
O presidente dos EUA anunciou, no último dia 9, a taxação de 50% sobre produtos brasileiros. Além de motivos comerciais, Trump disse que o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e as decisões do ministro Alexandre de Moraes contra plataformas digitais americanas contribuíram para sua decisão.
Fonte: Gazeta