O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) criticou nesta quarta (16) a taxação de 50% imposta pelo presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, aos produtos importados do Brasil sob o argumento de que seria por causa da condução do processo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O tarifaço tem, entre os motivos, o que seria uma “caça às bruxas” pela suposta tentativa de golpe de Estado, em que Bolsonaro estaria sendo perseguido politicamente. Para o ex-vice-presidente, se isso estiver ocorrendo, é um problema que deveria ser resolvido aqui, e não com interferência externa.
“Problemas nossos, nós temos que resolver, independente de quem é o causador do problema”, disse em entrevista à GloboNews enfatizando a necessidade de negociação.
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Mourão criticou Trump recentemente afirmando que ele deveria parar de “meter o bedelho” nos problemas brasileiros em respeito à soberania do país. O mesmo recado foi encaminhado ao deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos articulando sanções ao ministro Alexandre de Moraes.
“Eu vejo que essa busca de apoio fora do país sempre foi tentada pela esquerda [no passado], e agora tocou a vez do pessoal da direita. […] Eu vejo isso de uma forma crítica pela minha maneira de pensar e volto a frisar: os nossos problemas, nós temos que resolver”, pontuou.
Nesta terça (15), Eduardo Bolsonaro e o jornalista Paulo Figueiredo se reuniram com autoridades do Departamento de Estado norte-americano para discutir novas sanções contra Moraes, entre elas a Lei Magnitsky, que permite aos Estados Unidos aplicarem penalidades contra estrangeiros acusados de corrupção ou violação dos direitos humanos.
Para Mourão, além dos problemas brasileiros serem resolvidos sem a interferência externa, há a possibilidade de que o Congresso vote a anistia, mas somente depois do julgamento de Bolsonaro.
“Eu acho que esse processo tem vícios e está exacerbado. […] Ele tem que chegar ao fim, porque aí vai chegar o momento efetivamente de ser votada a anistia. Você tem os condenados, então vamos anistiar os condenados”, pontuou.
O senador ressaltou que o processo ainda está em andamento, que o próprio procurador-geral da República, Paulo Gonet, indicou inconsistências na delação do tenente-coronel Mauro Cid, e que as defesas dos réus ainda estão apresentando suas alegações – “bem consistentes”, afirmou.
Ainda de acordo com Mourão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem “claras posições antiocidentais” e “antiamericanas” que estariam incomodando Donald Trump. Na semana passada, o líder dos Estados Unidos ameaçou de sobretaxa os países que adotassem medidas nesse sentido que, na visão dele, conduzem o Brics – o bloco comercial que reúne, além do Brasil, a China e a Rússia.
“E nesse choque de gigantes entre Estados Unidos e China, o Brasil tem que atuar com pragmatismo e flexibilidade. […] Temos que ser cautelosos, não pode cutucar a onça de vara curta. Há uma certa culta do governo brasileiro por esses posicionamentos, por não dialogar com Trump. O Lula tem que dialogar com ele”, disparou.
Entre os posicionamentos adotados pelo Brasil que estariam incomodando Trump está a possibilidade dos países do Brics deixarem de utilizar o dólar como moeda das transações comerciais. Mourão afirmou que nem mesmo o presidente chinês Xi Jimping discursa sobre isso, e que Lula também não deveria.
Fonte: Gazeta