O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), Geraldo Alckmin (PSB), negou nesta segunda-feira (14) que o governo federal tenha pedido aos Estados Unidos o adiamento da taxação de 50% sobre os produtos brasileiros. Ele destacou que ouvir o setor produtivo é o primeiro passo para definir alternativas às tarifas impostas pelo presidente americano, Donald Trump.
Alckmin disse ainda que o governo não propôs aos EUA a diminuição da alíquota da taxação de 50% para 30%. “O governo não pediu nenhuma prorrogação de prazo e não fez nenhuma proposta sobre alíquota, sobre percentual. O que estamos fazendo é ouvindo os setores envolvidos […] Vamos trabalhar junto com a iniciativa privada”, ressaltou em coletiva de imprensa nesta tarde.
Alckmin anunciou reuniões com representantes da indústria e do agronegócio nesta terça-feira (15) para tratar sobre o tema. Na primeira, marcada para às 10h, estarão presentes produtores de alumínio, aço, celulose, máquinas, calçados, móveis e autopeças.
VEJA TAMBÉM:
- Eduardo Bolsonaro diz que tarifa é só o começo das sanções americanas ao Brasil
Além dos membros do comitê, o Ministério de Portos e Aeroportos também participou do encontro na sede do Mdic. Em seguida, Alckmin receberá produtores de suco de laranja, carne, frutas, couro, mel e pescado. Também participarão da reunião, marcada para às 14h, representantes dos ministérios da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário e da Pesca. “Essa é a primeira conversa, mas vamos dar continuidade a esse trabalho”, disse.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), recebe o encarragado de negócios da Embaixada dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, e empresários no mesmo horário da primeira reunião de Alckmin no Mdic. Questionado sobre a situação, Alckmin disse não ver problema. “A mim [Tarcísio] não procurou, não vejo nenhum problema que haja uma reunião. É importante destacar que já vínhamos fazendo o diálogo”, afirmou.
Ele lembrou que, em 16 de maio, o governo brasileiro já havia enviado uma proposta de negociação aos Estados Unidos, que ainda não foi respondida. Na ocasião, o país ainda era tributado em 10%.
Ele coordena o “Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais” que definirá a reação do governo e “medidas de proteção da economia brasileira”. O grupo será criado pelo presidente Lula (PT) por meio do decreto de regulamentação da Lei de Reciprocidade Econômica (Lei 15.122/25).
O comitê é formado pelos ministros Rui Costa (Casa Civil), Mauro Vieira (Ministério das Relações Exteriores), e Fernando Haddad (Ministério da Fazenda). Outros ministros poderão ser chamados para reuniões temáticas do comitê.
Alckmin pretende se reunir com empresas americanas
O vice-presidente também afirmou que pretende conversar com empresas americanas que fornecem matéria-prima para a indústria brasileira e entidades do comércio Brasil-Estados Unidos, como a Amcham. Ele citou que o Brasil é o terceiro maior comprador de carvão siderúrgico americano.
O produto é transformado em aço semi-plano no Brasil, que é comprado pelos Estados Unidos para a produção do produto final. Para Alckmin, a medida de Trump é “totalmente inadequada”, pois os EUA têm um superávit nas negociações com o Brasil.
No último dia 9, Trump anunciou a taxação citando, além de motivos comerciais, o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e as decisões do ministro Alexandre de Moraes contra plataformas digitais americanas.
Fonte: Gazeta