O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi cobrado pelo seu homólogo paraguaio Santiago Peña, nesta quinta (4), sobre a operação de espionagem de autoridades do país pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O caso veio à tona em março após servidores da agência confirmarem o monitoramento de membros do governo.
A cobrança de Peña a Lula ocorreu durante uma reunião bilateral que tiveram em Buenos Aires horas antes do presidente brasileiro receber do líder argentino Javier Milei a presidência rotativa do Mercosul.
“Expressei minha preocupação com o caso de espionagem e solicitei o total comprometimento das autoridades brasileiras no esclarecimento dos fatos. Respeito e diálogo são condições básicas para fortalecer a confiança e avançar juntos em direção a um futuro compartilhado”, disse Peña em uma postagem nas redes sociais.
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De acordo com a denúncia, a operação da Abin teve como alvo informações sensíveis sobre as negociações em torno das tarifas da Usina Hidrelétrica de Itaipu, administrada por Brasil e Paraguai. Servidores da agência relataram à Polícia Federal que um programa de invasão foi utilizado para acessar dados de autoridades paraguaias, com autorização do atual diretor da agência, Luiz Fernando Corrêa.
Corrêa foi indicado por Lula para comandar a agência e foi indiciado pela Polícia Federal, no mês passado, por tentar impedir investigações sobre o suposto esquema de espionagem ilegal de autoridades no esquema que ficou conhecido como “Abin paralela”.
O governo brasileiro reagiu afirmando que a espionagem teve origem durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). De acordo com o Palácio do Planalto, a ação foi interrompida assim que Lula foi informado do caso, no fim de março de 2023.
“O governo do presidente Lula desmente categoricamente qualquer envolvimento em ação de inteligência contra o Paraguai, país membro do Mercosul com o qual o Brasil mantém relações históricas e uma estreita parceria”, disse em nota na época.
Apesar da crise diplomática, o encontro entre os dois presidentes resultou em um compromisso mútuo de retomar as discussões sobre a revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu, que define as regras de divisão da energia excedente produzida pela hidrelétrica.
O Paraguai havia decidido suspender temporariamente as negociações até que os detalhes sobre a operação de espionagem fossem esclarecidos.
Fonte: Gazeta