O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) ironizou a escolha do personagem do folclore brasileiro Curupira como mascote da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada de 10 a 21 de novembro, Belém (PA).
Com cabelo de fogo e pés virados para trás, o Curupira é conhecido na cultura nacional como guardião das florestas e dos animais. “Excelente escolha para representar o Brasil e nossas florestas: anda pra trás e pega fogo”, disse Nikolas no X nesta quarta-feira (2).
O parlamentar compartilhou a arte oficial que representa o mascote divulgada pelo governo federal nesta semana.
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Diferentemente do que foi dito pelo parlamentar, o Curupira não “anda para trás”. Segundo o folclore, ele tem os pés virados para trás para deixar pegadas na direção contrária, confundindo caçadores e viajantes. A origem do personagem está relacionada às tradições indígenas.
O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), defendeu a escolha do mascote e alfinetou o deputado. Segundo ele, quem “anda para trás” é quem não reconhece a cultura do país.
“Enquanto uns mostram que andam para trás ao não reconhecer a cultura e o folclore do nosso País, a gente avança fazendo o mundo inteiro voltar os olhos ao Brasil e ao Pará como grandes protagonistas das discussões e iniciativas em prol da preservação do meio ambiente e dos povos da floresta”, disse Barbalho.
“O Curupira é nosso protetor, e vai seguir como referência da COP30 para quem torce contra o nosso Pará e o nosso Brasil”, acrescentou o governador.
A crítica de Nikolas ocorre em meio à pressão sobre o discurso de proteção ambiental do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em 2024, o bioma da Amazônia teve a maior extensão de queimadas desde 1985, de acordo com dados do Relatório Anual do Fogo (RAF), do MapBiomas, divulgados no mês passado.
O levantamento aponta uma destruição de 15,6 milhões de hectares pelas chamas, um salto de 117% em relação à média histórica.
Nesta quinta-feira (3), o Ministério do Meio Ambiente informou que houve “queda de 65,8% nas áreas queimadas de janeiro a junho de 2025 em relação ao primeiro semestre de 2024”, segundo dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
“A mudança do clima tem como um de seus impactos a intensificação dos incêndios florestais. Temperaturas mais elevadas, menos precipitação e aumento da quantidade de dias consecutivos sem chuvas tornam a floresta mais suscetível à queima”, disse a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, em nota.
A gestão de Marina é criticada pela oposição e gerou um novo embate entre a ministra e parlamentares nesta quarta-feira (2) durante uma audiência na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados. Em outubro de 2024, Nikolas chegou a dizer que Marina é “contraditória” e “incompetente” em uma reunião da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural.
Fonte: Gazeta