Os deputados federais gastaram R$ 2,5 milhões com viagens internacionais até junho. Vinte e duas viagens para Nova York custaram R$ 372 mil. Em maio, o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) comprou passagem na classe executiva para Nova York no valor de R$ 67,6 mil. Mas o ex-presidente cancelou a viagem. Como não ocorreu a viagem por motivo justificado, a Câmara poderá usar os mesmos trechos no prazo de até um ano da emissão dos bilhetes.
Para Nova York, tem passagem a qualquer preço. Um dia antes da viagem de Lira, o atual presidente, Hugo Motta (Republicanos/PB) gastou R$ 14 mil com passagem para Nova York, enquanto Áureo Ribeiro (Solidariedade-RJ) gastou R$ 4,5 mil. Amom Mandel (Cidadania-AM) pagou R$ 4,3 mil. Mas é justo lembrar o custo da viagem de Motta a Nova York em jatinho da FAB, em maio: R$ 284 mil, incluindo, as diárias do deputado e de assessores.
Lira participaria de eventos bastante otimistas: o encontro empresarial “Protagonismo do Brasil na Segurança Alimentar e Transição Energética Global”, do seminário promovido pelo Financial Times “Destravando o potencial da indústria verde do Brasil” e do Fórum DATAGRO Sugar & Ethanol Conference.
Do Caribe ao Uzbesquistão
A passagem de Juninho do Pneu (União-RJ) na viagem à China para visitas técnicas à fábricas de medicamentos custou R$ 44 mil, na executiva. A caravana de seis deputados à Tashkent (Uzbesquistão), na Ásia Central, para a sessão ordinária do Grupo de Parlamentares da América Latina e do Caribe – Grulac, custou R$ 248 mil, entre passagens e diárias. A passagem de José Rocha (União-BA) custou R$ 36 mil, na executiva; enquanto a de Murilo Galdino (Republicanos- PB) ficou em R$ 14 mil.
A caravana de seis deputados para Tashkent, no Uzbesquistão, para participar da sessão ordinária do Grupo de Parlamentares da América Latina e do Caribe (Grulac) custou R$ 248 mil, entre passagens e diárias. A passagem de Átila Lins (PSD-AM), custou R$ 33,6 mil; a de José Rocha (União-BA) custou R$ 36 mil. A deputada Laura Carneiro (PSD-RJ) torrou R$ 51 mil, enquanto Cleber Verde (MDB-MA) pagou apenas R$ 12 mil.
Pedro Paulo (PSD-RJ) fez um voo solo para Madri, para participar do Fórum “Transformações: um mundo em ebulição”. A passagem “executiva” custou R$ 29 mil. O deputado Vermelho (PP-PR) participou da Feira de Turismo em Madri. Pagou apenas R$ 7 mil de passagem.
Cinco deputados mineiros embarcaram em missão organizada pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, a fim de cumprir agenda de visitas à Expo Osaka, participar do Brazil Japan Business Fórum e jantar “O portador do futuro”. Mais uma despesa de R$ 140 mil. A passagem de Stefano Aguiar (PSD) custou R$ 29,5 mil. A do Delegado Marcelo, apenas R$ 9 mil.
Missão teve caráter institucional
Questionado pelo blog sobre o preço da passagem para Ozaka, Aguiar afirmou que a missão teve “o objetivo de promover o intercâmbio econômico e fortalecer relações comerciais e tecnológicas entre Brasil e Japão. Durante a missão, foram realizadas visitas à Expo Osaka, encontros técnicos com empresas e instituições japonesas, além da participação no jantar institucional The Bearer of the Future, que reuniu autoridades e empresários de ambos os países”.
“O valor da passagem reflete a necessidade de adequação à agenda oficial, com trechos internacionais e deslocamentos internos. A missão teve caráter institucional e buscou contribuir para o desenvolvimento econômico e a atração de investimentos para Minas Gerais”, concluiu o deputado.
O “jeitinho” para pegar a classe executiva
A assessoria do deputado Átila explicou ao blog como ele consegue viajar na classe executiva: “A Câmara disponibiliza bilhetes na classe econômica. O parlamentar voou de Executiva, custeando a diferença do valor, com a utilização de sua Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP)”. Mas ocorre que a CEAP é custeada com dinheiro público, pago pelo contribuinte.
O deputado também se manifestou sobre a distância entre a sede da União Interparlamentar (UIP) e Tashkent: “Sobre a decisão do local da realização do evento, sugerimos entrar em contato com a UIP. Pois como membro, o parlamentar não tem ingerência sobre isso”.
A deputada Laura Carneiro alegou ao blog que precisa da executiva porque tem dificuldade de locomoção.
Segundo o Ato da Mesa da Câmara 31/2012, têm direito a passagem na classe executiva os membros titulares da Mesa Diretora, líderes titulares, presidentes de comissões permanentes da Câmara e Mistas, quando presididas por deputados, presidente do Conselho de Ética, ouvidor parlamentar, procurador parlamentar, procuradora da Mulher, coordenadora geral dos Direitos da Mulher, corregedor Parlamentar, secretário de Comunicação Social, secretário de Relações Internacionais, secretário de Transparência, secretário de Participação, Interação e Mídias Digitais e deputados com deficiência física, dificuldade de locomoção ou necessidade especial.
Fonte: Gazeta