O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visitou a ex-presidente argentina Cristina Kirchner no começo da tarde desta quinta (3), em Buenos Aires. O encontro, fora da agenda oficial, ocorreu logo depois da cerimônia em que recebeu do líder Javier Milei a presidência temporária do Mercosul.
Cristina Kirchner está em prisão domiciliar por corrupção, com os direitos políticos cassados. Ela teve de pedir uma autorização à Justiça argentina para receber Lula em seu apartamento na capital do país.
A visita de Lula à viúva do antigo aliado, Néstor Kirchner, contrastou com a falta de um encontro bilateral com Javier Milei, com quem ainda não conversou reservadamente desde que o argentino tomou posse no final de 2023. A Argentina é o principal parceiro comercial do Brasil no continente.
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Lula foi recebido no prédio de Cristina por volta das 12h30 com aplausos de apoiadores da ex-presidente, em um forte esquema de segurança com batedores da polícia argentina e agentes. O conteúdo da conversa não foi divulgado e nenhum dos dois se pronunciou sobre o encontro.
No mês passado, Lula ligou para Cristina para prestar condolências pela condenação. Ele pediu a ela que “se mantenha firme”, segundo publicou nas redes sociais.
A condenação da ex-presidente argentina foi fortemente criticada pela esquerda brasileira, classificada como “injusta” e “perseguição política”.
“A construção de teorias jurídicas que buscam responsabilizar Cristina Kirchner por atos de subordinados, sob uma interpretação questionável do direito administrativo, representa um retrocesso perigoso em relação à separação dos poderes e ao Estado de Direito. Tal prática não só afeta a ex-presidenta, mas também lança uma sombra sobre o funcionamento democrático na Argentina, ameaçando o equilíbrio entre os poderes e a própria democracia”, afirmou o Instituto Lula em uma nota um dia depois da decisão da Justiça.
Cristina foi condenada, em 2022, por participar de um esquema de desvio de recursos de obras públicas na província de Santa Cruz, berço político do kirchnerismo. Ela recorreu da sentença e teve, em junho, decisão desfavorável da Justiça argentina.
Fonte: Gazeta