Relacionamentos marcados por conflitos constantes – sejam eles amorosos, familiares ou de amizade – pode não afetar apenas a saúde emocional. De acordo com uma nova pesquisa da Universidade de Nova York (NYU), esse tipo de convivência negativa pode contribuir diretamente para o envelhecimento precoce do organismo.
Os cientistas analisaram a chamada “idade biológica” de mais de 2 mil pessoas e identificaram que aquelas com laços sociais mais tóxicos apresentavam marcas epigenéticas associadas a um envelhecimento acelerado de aproximadamente 2,5 meses a mais do que a idade cronológica. Ou seja, mesmo que tenham, por exemplo, 30 anos de idade, seus corpos indicavam um desgaste físico equivalente a 30 anos e dois meses e meio.
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Estudo analisou efeitos no DNA
Para chegar a esse resultado, os pesquisadores coletaram amostras de saliva de 2.232 voluntários, submetendo o material a testes epigenéticos, um tipo de exame que avalia como comportamentos e fatores ambientais influenciam a expressão dos genes.
Além disso, os participantes responderam a questionários sobre a qualidade de seus relacionamentos mais próximos, indicando com que frequência pessoas de seu convívio causavam estresse, incômodos ou dificuldades no dia a dia.
Aqueles que relataram conviver com indivíduos considerados “incomodadores” com frequência, termo usado pelos cientistas para definir essas relações negativas, apresentaram um impacto mais evidente nos marcadores do envelhecimento.
Mais da metade dos entrevistados declarou ter pelo menos uma pessoa próxima que causa incômodos constantes, segundo o pesquisador Byungkyu Lee, em entrevista ao portal New Scientist.
Efeitos vão além da aparência
O envelhecimento epigenético, segundo os especialistas, vai além de mudanças estéticas ou da aparência. Ele está relacionado a alterações profundas no funcionamento do corpo, como maior tendência a processos inflamatórios, pior desempenho do sistema imunológico, além de sintomas como depressão, ansiedade e surgimento precoce de doenças.
“Essas descobertas juntas destacam o papel crítico dos laços sociais negativos no envelhecimento biológico como estressores crônicos e a necessidade de intervenções que reduzam o impacto de estressores sociais negativos inseridos em redes sociais próximas para promover trajetórias de envelhecimento mais saudáveis”, destacam os autores no estudo, que ainda está em fase de pré-publicação, ou seja, aguarda revisão por pares.
Os resultados reforçam a importância de se observar com atenção os vínculos pessoais e de se afastar, sempre que possível, de relações que causam sofrimento constante. Segundo os pesquisadores, identificar e minimizar a influência de conexões tóxicas pode ajudar a preservar não apenas o bem-estar emocional, mas também a saúde a longo prazo.
Fonte: O Liberal