FIEPA reúne empresários e autoridades para debater os impactos das tarifas dos EUA e os desafios econômicos no Pará; proposta inclui ações preventivas e defesa da atividade produtiva.
Jéssica Nascimento

Nesta quarta-feira (23/07), a Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA) organizou uma reunião entre empresários, representantes do setor produtivo e autoridades públicas do estado para discutir as implicações econômicas das recentes taxações impostas pelos Estados Unidos às exportações brasileiras. O encontro também teve como objetivo traçar estratégias para minimizar os impactos dessas medidas, que podem afetar diversos segmentos da economia paraense, como a indústria madeireira, pesca e mineração.
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O impacto das tarifas no Pará
De acordo com um levantamento técnico desenvolvido pela FIEPA CIN (Centro Internacional de Negócios) e o Observatório da Indústria do Pará, o estado é o 8º maior exportador brasileiro para os EUA, com um superávit de aproximadamente US$ 103 milhões na balança comercial.
As exportações para o país norte-americano, que já ocupam a posição de 2º maior destino dos bens produzidos no Pará, podem sofrer com as medidas tarifárias.
Segundo o levantamento, a estimativa é de que, caso o Brasil adote medidas de reciprocidade, o estado possa enfrentar uma queda de 2,81% nas exportações, o que representaria uma perda de R$ 306 milhões, com reflexos também no PIB estadual (R$ -973 milhões) e uma redução de aproximadamente 5.088 postos de trabalho.
(Foto: Carmem Helena)
O governador Helder Barbalho destacou a importância de uma resposta equilibrada diante do que chamou de “Lei da Reciprocidade”, sancionada recentemente pelo Congresso Nacional.
“Precisamos agir com serenidade para lidar com a lógica da reciprocidade, para não aumentar ainda mais os impactos sobre atividades econômicas que já enfrentam dificuldades”, defendeu o governador.
A proposta de criação de um Grupo de Trabalho
Helder sugeriu a formação de um grupo de trabalho composto pelas atividades produtivas afetadas, assim como por entidades como a FIEPA, a Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (FAEPA), a Associação Comercial do Pará (ACP) e o Sebrae, com o objetivo de desenvolver estratégias e promover um diálogo conjunto com o Governo Federal.
Alex Carvalho, presidente da FIEPA, reforçou a necessidade de um olhar atento sobre os impactos da tarifa e destacou a importância da união entre setores produtivos e o governo para uma resposta eficaz.
“É fundamental reunir esses atores para, de maneira dinâmica, construir estratégias de proteção e, se necessário, antecipar medidas para minimizar os impactos inevitáveis. Além disso, temos que buscar novas oportunidades para fortalecer nossa base produtiva”, afirmou Carvalho.
A preocupação com a reciprocidade e o setor mineral
Uma das maiores preocupações do setor produtivo está relacionada à possibilidade de medidas de reciprocidade por parte do Brasil.
Segundo Carvalho, isso afetaria diretamente a mineração, especialmente no que diz respeito aos caminhões fora de estrada, essenciais para a extração de minérios no estado, que são fabricados nos EUA.
“A sobretaxa sobre esses equipamentos e as peças de reposição onera a operação das mineradoras e pode gerar um impacto negativo em investimentos planejados para o setor”, explicou.
Além disso, o impacto sobre o setor de gás natural também foi destacado. O presidente da FIEPA ressaltou que grande parte do gás utilizado pelas indústrias do estado vem de uma empresa americana, e essa relação pode ser afetada pelas tarifas.
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O setor comercial e a diversificação de mercados
Sebastião Campos, presidente da Federação do Comércio do Estado do Pará (Fecomércio), minimizou os impactos diretos do tarifaço para o estado, destacando que a dependência do Pará em relação ao mercado americano é relativamente pequena.
“O impacto para o Pará não será tão grande, pois a nossa exportação para os EUA representa apenas 3% do total. O restante, 97%, vai para outros países”, afirmou Campos.
Ele sugeriu que o foco do estado deve ser diversificar mercados e buscar alternativas além dos Estados Unidos.
O papel da pecuária e a perspectiva de desenvolvimento
Carlos Xavier, presidente da FAEPA (Federação da Agricultura e Pecuária do Pará), também se mostrou confiante de que o Pará, embora impactado pelas novas tarifas, tem um grande potencial para superar os desafios.
(Foto: Carmem Helena)
Ele ressaltou a importância do estado na produção de carne, com o segundo maior rebanho bovino do Brasil e o primeiro rebanho bubalino, e destacou que o Pará pode continuar crescendo como um polo de desenvolvimento econômico, especialmente na agricultura e pecuária.
“Temos o maior território disponível para a atividade econômica, e isso é um diferencial para o Pará. Mesmo com as dificuldades, o estado possui um potencial único para impulsionar a economia e melhorar a qualidade de vida da população”, destacou Xavier.
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Fonte: O Liberal