DHPP faz nesta quinta (3) a segunda fase da operação que investiga adolescentes acusados de usar a internet para obrigar 400 vítimas a cometerem automutilações e promoverem ataques a moradores de rua e animais. Celulares e outros objetos apreendidos pela polícia em imóveis dos adolescentes investigados
Divulgação/Polícia Civil
A Polícia Civil de São Paulo coordena uma operação nesta quinta-feira (3) para deter em outros estados e na França adolescentes suspeitos de usarem a internet para cometerem cyberbullying e estupros virtuais.
Essa é a segunda fase da Operação Nix, que investiga jovens acusados de obrigar mais de 400 vítimas a cometerem automutilações e promoverem ataques a moradores de rua e animais.
Nove mandados de internação para adolescentes foram expedidos pela Justiça para serem cumpridos pelas polícias do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina, Pará, Pernambuco e no Distrito Federal.
Caso sejam encontrados pelas autoridades, os investigados serão encaminhados para unidades de internação para adolescentes infratores.
Pela lei brasileira, menores de 18 anos de idade não vão para prisões porque o entendimento é de que eles não cometem crimes, mas sim infrações.
Também há um mandado de apreensão para um adolescente brasileiro que mora na França. Ele terá de ser cumprido pela Interpol, a polícia internacional. O investigado é apontado como um dos principais financiadores dos ataques, aproveitando-se da própria condição financeira para custear ações criminosas organizadas em grupos fechados na plataforma Discord.
O número total de suspeitos detidos ainda não foi confirmado pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo até a última atualização desta reportagem. Também foram decretados 22 mandados de busca e apreensão para serem cumpridos.
O Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) coordena a operação, que é chamada de Nix porque é o codinome de um dos investigados. O nome faz alusão a deusa Nêmesis na mitologia grega.
A investigação teve início em novembro do ano passado, com a criação do Núcleo de Observação e Análise Digital (Noad) voltado especialmente para apurar crimes em ambientes virtuais.
A primeira fase dessa operação foi realizada justamente no final de 2024, quando um adolescente foi apreendido, dois suspeitos foram presos e dez mandados de busca acabaram cumpridos em São Paulo, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais e Distrito Federal.
Para a delegada e coordenadora do núcleo, Lisandréa Salvariego, “a operação Nix corrobora a necessidade de investigações contínuas dada a transnacionalidade do crime tanto em relação aos autores como às vítimas”.
“São ações extremamente absurdas que, muitas das vezes, os pais não têm ideia que ou o filho é o idealizador dessa violência, manipulando as vítimas a realizarem os ataques, ou o filho é a própria vítima”, afirmou Lisandréa.
Fonte: O Liberal