Análises clínicas de vários laboratórios estrangeiros demonstram que o falecido líder opositor russo Alexei Navalny foi envenenado durante sua reclusão em uma prisão na Rússia, segundo denunciou nesta quarta-feira (17) no X sua viúva, Yulia Navalnaya.
“Conseguimos transferir o material biológico de Navalny para o exterior. Laboratórios em dois países diferentes realizaram exames. Estes laboratórios concluíram independentemente um do outro que Alexei foi envenenado”, escreveu Navalnaya, residente na Alemanha.
A viúva do opositor, que acusou o ditador russo, Vladimir Putin, de ordenar o assassinato de seu marido, enfatizou que “estes resultados são de importância pública e devem ser publicados”. “Todos nós merecemos saber a verdade”, destacou.
Navalnaya também publicou um vídeo de quase cinco minutos no qual denunciou: “Meu marido, Alexei Navalny, foi envenenado. Estas não são palavras vazias e tenho todos os motivos para dizê-lo”.
“Ele morreu em uma colônia penal além do Círculo Polar Ártico, para a qual foi transferido dois meses antes de sua morte, claramente, de propósito. Durante os três anos que passou atrás das grades, sua saúde piorou e piorou. Eles não queriam apenas matá-lo. Tentaram destruí-lo. Atormentaram-no com fome, frio e isolamento total”, declarou.
A viúva relatou que “em 16 de fevereiro de 2024, por volta das 12h10, Alexei foi levado para sua caminhada programada. Ele fazia essas caminhadas praticamente na própria cela (…). Pouco depois do início da caminhada, Alexei bateu na porta e disse que estava se sentindo mal. Quando a porta foi aberta, ele estava agachado no chão e repetia que estava se sentindo mal. Eles nem sequer o levaram para a unidade médica, mas de volta para a cela de castigo”.
“A ambulância foi chamada mais de 40 minutos depois que Alexei começou a se sentir mal. Nesse momento, ele já estava inconsciente e a equipe médica tentou reanimá-lo sem sucesso. Às 14h23, o monitor cardíaco parou de mostrar atividade”, acrescentou.
A esse respeito, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, se recusou a comentar nesta quarta-feira as acusações durante sua entrevista coletiva diária por telefone.
O Tribunal Urbano da cidade de Salekhard, no Ártico russo, rejeitou na terça-feira um pedido da mãe do falecido opositor russo, que exigia a abertura de um processo criminal pelo assassinato de seu filho na prisão.
“O Tribunal Urbano de Salekhard encerrou hoje o processo, ao declarar que a recusa em abrir um processo ‘não afeta seus direitos e interesses’”, escreveu a viúva do ativista no Telegram ao informar sobre o pedido de sua sogra, Lyudmila Navalnaya.
Segundo a viúva de Navalny, “desde 17 de fevereiro de 2024, exigimos a abertura de um processo criminal pelo assassinato de Alexei”. “O Comitê de Instrução nos negou várias vezes, e a mãe de Alexei recorreu das recusas na Justiça”, mas o tribunal rejeitou o caso, acrescentou.
Navalny morreu em 16 de fevereiro de 2024 de forma repentina na prisão ártica na qual cumpria uma pena de quase 30 anos de prisão por diversas acusações feitas pela ditadura russa.
Embora as autoridades russas aleguem que o líder opositor faleceu devido a uma arritmia, a família, seus correligionários e as chancelarias ocidentais classificaram sua morte como um assassinato.
Putin afirmou posteriormente que havia dado o aval para a liberação de Navalny em uma troca de prisioneiros, mas os aliados do opositor asseguram o contrário, que ele morreu porque o chefe do Kremlin impediu sua troca por outro preso russo que cumpria pena em uma prisão ocidental.
Fonte: Gazeta