Um membro declarado dos Socialistas Democráticos da América (DSA, na sigla em inglês) está cada vez mais perto de se tornar o próximo prefeito de Nova York, uma das cidades mais importantes dos Estados Unidos: Zohran Mamdani.
Muçulmano nascido em Uganda, o deputado estadual de 33 anos despontou em junho nas primárias democratas como a maior força da esquerda em Nova York, impulsionado principalmente pela participação massiva de eleitores da geração Z, com idades entre 18 e 29 anos.
Alguns de seus posicionamento políticos têm gerado divisão até mesmo entre correligionários, como por exemplo suas duras críticas a Israel – que envolvem uma promessa de prisão contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu caso pise em Nova York – e contra a polícia da cidade, classificada por ele em declarações de 2020 como uma “grande ameaça à segurança pública”. Ele prometeu se desculpar com as autoridades policiais por essa última fala recentemente se for eleito.
Zohran Mamdani venceu as primárias do Partido Democrata com propostas impopulares para o setor empresarial, mas que ganharam o apoio de parte do eleitorado nova-iorquino, majoritariamente democrata, como o congelamento dos aluguéis, a gratuidade dos ônibus públicos e o aumento de impostos para os mais ricos. Apesar de sua campanha não ter sido focada na política externa, suas opiniões sobre Israel ganharam destaque nos últimos meses na imprensa americana.
Após o massacre perpetrado por terroristas em solo israelense, em 7 de outubro de 2023, Mamdani sutilmente deixou suas impressões críticas a Israel. Inicialmente, ele apenas lamentou as centenas de vidas perdidas em Israel e na “Palestina” nas horas do ataque.
Em seguida, ele deixou mais clara sua posição anti-Israel ao declarar que “o caminho para a paz justa e duradoura começa com o fim da ocupação e do desmantelamento do apartheid”. Dias depois, o candidato à prefeitura de Nova York declarou que Israel estava à beira de cometer “genocídio”, discurso que se popularizou entre a esquerda nos meses seguintes ao massacre do Hamas.
Esse posicionamento, em um momento de crescente onda de antissemitismo nos Estados Unidos, tem gerado resistência dos próprios democratas em apoiar Mamdani para o governo municipal, visto que a comunidade judaica em Nova York é a maior no mundo, sem contar com os judeus que residem em Israel.
O jovem e pouco experiente político estudou na Bronx High School of Science, em Nova York e, posteriormente, ingressou no ensino superior no Bowdoin College, no Maine, onde se especializou em Estudos Africanos e cofundou o Estudantes pela Justiça na Palestina.
Depois de concluir a graduação, Mamdani atuou em diferentes frentes de ativismo político de esquerda em Nova York. Em 2018, se naturalizou cidadão americano e, dois anos depois, conquistou uma cadeira na Assembleia estadual pelo Queens.
Em sua comemoração de vitória nas redes sociais, ele não escondeu o seu propósito político: “construir uma Nova York socialista”. Na época, ele citou algumas de suas ideias apoiadas também na recente votação primária, relacionadas à taxação de ricos e criação de moradia para pessoas de baixa renda.
Segundo o The Wall Street Journal (WSJ), Mamdani não teve muitos feitos marcantes no mandato como deputado. Sua maior vitória na Assembleia, de acordo com o jornal, foi um alívio de US$ 450 milhões em dívidas de taxistas em meio à expansão do mercado de transporte por aplicativo.
Fonte: Gazeta