O ex-vice-diretor geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Alan Wolff, acredita que a Suprema Corte dos Estados Unidos deve manter a legalidade das tarifas comerciais impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a países que exportam produtos para o mercado norte-americano.
“Dos 9 juízes da Suprema Corte, pelo menos 6 têm sido muito favoráveis ao presidente. A minha impressão é que eles não vão querer perturbar as relações internacionais decidindo que as tarifas não haviam sido autorizadas e agora precisam ser derrubadas”, analisou Wolff, em entrevista ao portal Poder360. A decisão da Suprema Corte deve sair até novembro deste ano.
Contrário às tarifas, Wolff afirmou que já esperava que o caso fosse aceito pela Suprema Corte. No final de agosto, o Tribunal de Apelações dos Estados Unidos para o Circuito Federal, em Washington, decidiu que o tarifaço imposto pelo governo Trump em abril no chamado Dia da Libertação (cuja versão final foi definida no final de julho, após acordos com vários países) a importações de outros países com base na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (Ieepa, na sigla em inglês) é ilegal.
“Caso a Suprema Corte fosse composta por advogados comerciais, eles olhariam para as regras da maneira que eu faço: não havia autoridade. As duas decisões judiciais tomadas estão corretas. Mas eles não são advogados comerciais”, ponderou o ex-diretor da OMC.
De acordo com ele, mesmo com a incerteza econômica no atual cenário mundial, o livre-comércio deve prevalecer a médio e longo prazo — e que o Brasil deve focar em segmentos da indústria em que já é referência mundial.
“Se o Brasil é muito bom na produção de soja ou fabricando aeronaves comerciais de médio porte, queremos comprar. É improvável que outros sejam capazes de fazer tão bem quanto o Brasil faz, porque se especializou em alguns produtos-chave e se tornou altamente competitivo”, finaliza.
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Fonte: Gazeta