O Parlamento Europeu aprovou nesta quinta-feira (11) uma resolução pedindo que a União Europeia (UE) adicione o Cartel de los Soles, apontado como liderado pelo ditador venezuelano Nicolás Maduro, à lista oficial de organizações terroristas. A medida foi aprovada por 355 votos a favor e 173 contra, em meio a preocupações com a escalada da violência política e do narcotráfico na região.
Durante o debate, a eurodeputada espanhola Alma Ezcurra, do Partido Popular, de centro-direita, afirmou que Maduro levou ao extremo o modelo que o narcotraficante colombiano Pablo Escobar apenas sonhou em alcançar.
“O que Pablo Escobar um dia sonhou, hoje Maduro executa: ele controla um exército leal, tem embaixadas nas nossas capitais e ocupa assento nas Nações Unidas”, declarou. Para Ezcurra, “Maduro é um narco, sim, mas com poder de Estado, e usa o terror para subjugar seu povo com a cumplicidade de governos e líderes na Europa”.
A resolução aprovada cita nominalmente não apenas o Cartel de los Soles, mas também o Clan del Golfo e facções dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Segundo o texto, essas organizações fornecem apoio, abrigo e logística a grupos armados colombianos, fortalecendo redes de narcotráfico, contrabando de armas e lavagem de dinheiro nas áreas de fronteira entre Colômbia e Venezuela.
Os parlamentares europeus acusam Maduro e membros de seu regime – incluindo Diosdado Cabello, Jorge Rodríguez, Delcy Rodríguez e o general Vladimir Padrino López – de liderar uma estrutura criminosa que utiliza instituições do Estado venezuelano para acobertar o tráfico internacional de cocaína e corromper setores militares e judiciais. O texto ecoa sanções e designações já feitas pelos Estados Unidos, que classificam a rede como um braço de narcoterrorismo.
Além do aspecto criminal, o Parlamento Europeu destacou a crescente instabilidade política na Colômbia, onde a violência de cartéis e dissidências armadas ameaça o processo de paz e já resultou no assassinato de líderes políticos, como o senador Miguel Uribe Turbay. Para os eurodeputados, a União Europeia deve reforçar seu apoio financeiro e técnico à democracia colombiana e tomar medidas concretas contra organizações transnacionais ligadas a Caracas.
Ezcurra alertou que a situação ultrapassa fronteiras regionais. “O que está acontecendo na Venezuela e na Colômbia não é um assunto interno, é uma ameaça global. E como não, aí está a cumplicidade de Zapatero. A Europa não pode permanecer impassível”, afirmou, em referência ao ex-primeiro-ministro espanhol José Luis Rodríguez Zapatero, acusado por críticos de agir em favor do regime chavista.
Com a votação desta quinta-feira, a bola agora passa para o Conselho da União Europeia, responsável por decidir se seguirá a recomendação do Parlamento e incluirá formalmente o Cartel de los Soles na lista de organizações terroristas internacionais.
Fonte: Gazeta