O ex-presidente peruano Alejandro Toledo (2001-2006) foi condenado nesta quarta-feira (3) a 13 anos e 4 meses de prisão pelo crime de lavagem de dinheiro no chamado caso Ecoteva, o que representa a segunda sentença contra ele por um crime de corrupção cometido durante seu período no governo.
A Nona Sala Penal Liquidadora da Corte de Lima proferiu a sentença contra Toledo devido às aquisições imobiliárias feitas com o dinheiro ilicitamente transferido em forma de subornos pelas empresas brasileiras Odebrecht e Camargo Correa para a empresa Ecoteva, fundada na Costa Rica pela sogra do ex-mandatário, Eva Fernenbug.
A acusação é por lavagem de dinheiro agravada em prejuízo dos cofres públicos. Além de Toledo, constam como coautores sua esposa, Eliane Karp, seu ex-chefe de segurança, Avraham Dan On, o filho deste, Shai Da On, e Eva Fernenbug.
O ex-mandatário peruano está detido em Barbadillo, uma penitenciária localizada no leste de Lima e reservada para ex-presidentes. Lá, ele cumpre uma primeira condenação de 20 anos de prisão pelos crimes de conluio e lavagem de dinheiro, relacionados aos subornos que recebeu da Odebrecht em troca da concessão de vários trechos das obras da rodovia Interoceânica.
Toledo declarou, por teleconferência, que estava “desiludido” com a Justiça peruana, que não concordava com a sentença e que iria apresentar um recurso.
Por sua vez, Dan On foi condenado a 13 anos e 4 meses, enquanto o denunciado como cúmplice, David Esquenazi, recebeu pena de 11 anos de prisão.
No caso de Karp – que mora em Israel desde a extradição de Toledo para o Peru, em 2023 – e no de Fernenbug, a sala reservou seus processos, considerando-as rés ausentes.
Em uma sessão virtual, o tribunal destacou que estava provada a ordem para a transferência de dinheiro para pagar as hipotecas de residências de Toledo em Lima e no balneário Punta Sal, na região de Tumbes, e que não foi comprovada a origem lícita do dinheiro.
Os juízes verificaram o aumento patrimonial de Toledo através da compra de imóveis com dinheiro de origem ilícita que veio das empresas brasileiras.
Para o colegiado, também está provado que o ex-presidente, de 79 anos, teve participação direta no crime de lavagem de dinheiro, razão pela qual sua responsabilidade no crime foi comprovada.
A corte entendeu que Toledo, seu testa-de-ferro Josef Maiman e Dan On usaram empresas na Costa Rica para receber o dinheiro ilícito, pois eles sabiam da origem ilegal do dinheiro, que era derivado de contas na Suíça para as offshores na Costa Rica.
As transferências de dinheiro de Odebrecht e Camargo Correa, entre 2006 e 2010, constituíram a confirmação do acordo ilícito, e se tentou dar uma aparência de legalidade através de “serviços simulados”, disseram os juízes.
Denunciado como cúmplice, David Esquenazi foi considerado operador de Fernenbug, ao dispor do dinheiro recebido em contas bancárias e ter participado na compra de imóveis.
Shai Dan On, filho do ex-chefe de segurança do Palácio de Governo, foi incluído na acusação por ter participado da constituição de empresas offshore.
Assim que completar 80 anos, em março de 2026, Toledo poderá solicitar o benefício da lei aprovada no ano passado no Peru que permite que presos que atinjam essa idade terminem de cumprir sua pena em prisão domiciliar, por razões humanitárias.
Fonte: Gazeta