Um ciberataque de grandes proporções realizado por hackers ligados ao regime comunista da China pode ter roubado dados de quase todos os cidadãos dos Estados Unidos, segundo autoridades de segurança citadas em reportagens publicadas pelo The New York Times e pelo Euronews nesta quinta-feira (4).
De acordo com as informações, a operação que deu vida ao ciberataque, chamada de Salt Typhoon, durou anos, invadiu redes de telecomunicações e outros setores estratégicos nos EUA e mais de 80 países e teve ainda como alvos diretos o atual presidente americano, Donald Trump, e o vice-presidente J.D. Vance, durante a campanha eleitoral do ano passado.
De acordo com o New York Times, o ciberataque explorou falhas antigas em sistemas de telefonia e internet. Essas brechas permitiram aos hackers chineses interceptar ligações, acessar mensagens de texto não criptografadas e até arquivos armazenados nos aparelhos das vítimas.
Segundo o relatório conjunto de aliados dos EUA, o objetivo era fornecer a Pequim a “capacidade de identificar e rastrear as comunicações e os deslocamentos de seus alvos em todo o mundo”.
As investigações apontam que mais de seis operadoras de telecomunicações americanas foram invadidas. Além disso, os criminosos digitais atacaram empresas de hospedagem, transporte e até áreas ligadas diretamente à infraestrutura militar, ampliando o alcance da espionagem.
Escala inédita
Para os responsáveis pela apuração, o caso representa um salto no nível de agressividade da espionagem digital chinesa.
“Não consigo imaginar que algum americano tenha sido poupado, dada a amplitude da campanha”, afirmou aoTimes Cynthia Kaiser, ex-chefe da divisão de cibersegurança do FBI, que acompanhou as investigações.
Autoridades britânicas e americanas classificaram a ofensiva digital chinesa como “sem restrições” e “indiscriminada”. Canadá, Alemanha, Itália, Finlândia, Espanha, Japão, Coreia do Sul e Austrália também assinaram realatório oficial que expôs a ação.
Um novo patamar da China
Segundo Jennifer Ewbank, ex-vice-diretora da CIA para inovação digital, a ofensiva mostra a evolução das capacidades de Pequim.
“De muitas maneiras, Salt Typhoon marca um novo capítulo. Hoje, vemos campanhas pacientes, patrocinadas pelo Estado, entrincheiradas na infraestrutura de mais de 80 países, caracterizadas por um alto nível de sofisticação técnica, paciência e persistência”, disse.
O ataque foi vinculado a três empresas de tecnologia chinesas que operam desde 2019 e prestam serviços ao Exército e a agências de inteligência da China. Para especialistas, o acúmulo de dados em larga escala segue uma estratégia de longo prazo de Pequim para monitorar adversários políticos, dissidentes e até líderes estrangeiros.
A revelação ocorreu no mesmo momento em que Pequim exibiu usa força militar em um desfile na Praça da Paz Celestial, em Pequim, com tanques, aviões de combate e milhares de soldados. Para analistas, o episódio mostra como a China busca combinar poder militar e supremacia digital.
Fonte: Gazeta