O regime da Rússia, sob liderança do ditador Vladimir Putin, afirmou nesta quarta-feira (27) que não aceitará a presença de tropas europeias na Ucrânia como parte de eventuais garantias de paz, classificando a medida como um avanço da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) sobre o território ucraniano. A declaração foi feita pelo porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em entrevista coletiva em Moscou.
“Não existem soldados europeus, existem soldados de países específicos e a maioria desses países são membros da Otan”, disse Peskov. Ele reforçou que Moscou mantém uma postura “negativa” sobre a discussão e lembrou que “foi a aproximação da infraestrutura militar da Aliança Atlântica e a infiltração dessa infraestrutura na Ucrânia que podem ser nomeadas entre as causas originais do conflito”.
A posição russa surge em meio às negociações de paz estimuladas pelos Estados Unidos. O Kremlin reconheceu os esforços do presidente americano, Donald Trump, e classificou a cúpula realizada neste mês no Alasca entre Putin e Trump como “muito construtiva e útil”. Peskov destacou que Moscou considera as tratativas “muito importantes”, mas evitou detalhar quais garantias aceitaria em relação à Ucrânia.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, já havia rejeitado na semana passada a possibilidade de tropas europeias atuarem como força de paz no país vizinho, chegando a comparar a proposta com uma “intervenção militar”. Para Moscou, qualquer acordo de segurança deve contemplar seus “interesses estratégicos”, incluindo a exigência de uma Ucrânia neutra e não nuclear.
Enquanto isso, o governo ucraniano insiste que só aceitará um acordo que inclua garantias firmes contra uma nova invasão russa. O presidente Volodymyr Zelensky disse nesta quarta-feira que suas equipes estão “acelerando o processo de definir os detalhes” de garantias multilaterais de segurança. Zelensky ainda defendeu que “já é hora de organizar o formato para a discussão entre líderes, para determinar as prioridades e os prazos”. Segundo ele, a Rússia está enviando “sinais negativos” sobre novas rodadas de negociações e só responderá sob “pressão real”.
Fonte: Gazeta