Um livro cuja autoria é atribuída a Yahya Sinwar, líder do grupo terrorista Hamas e o principal articulador do ataque do dia 7 de outubro de 2023, que foi morto em outubro de 2024, está sendo distribuído na Rússia com aprovação do governo local, de acordo com uma reportagem do Kan 11, mídia estatal de Israel.
A obra “Como Derrotar Israel”, foi publicada pela editora “Rodina Publishing” e está sendo comercializada em livrarias físicas e eletrônicas com aval do Kremlin, segundo o veículo israelense.
É destacado que todo livro publicado na Rússia precisa obter aprovação das autoridades para que possa ser comercializado, e o governo deu a permissão para que o material atribuído ao líder palestino fosse publicado e distribuído em todo o país.
Nas notas explicativas do livro em livrarias, Sinwar é definido como “Che Guevara palestino” e “general do povo livre”. “Sinwar é um dos maravilhosos generais árabes da nova geração. Foi ele quem iniciou a operação ‘Inundação de Al-Aqsa’ [se referindo ao massacre de 7 de outubro de 2023] e liderou a operação para defender Gaza em 2023-2024”, diz.
As notas também indicam que “apesar da vantagem israelense em armamento, Israel não conseguiu conquistar toda Gaza”.
“Mais de 80.000 toneladas de bombas foram lançadas sobre a Pequena Gaza, mas a cidade sobreviveu. Em muitos aspectos, isso se deve ao mérito pessoal de Sinwar. Neste livro, o grande comandante, o ‘General do Povo Livre’, conta sua vida dedicada a uma luta árdua pela libertação da Palestina e de todos os povos árabes”.
O valor do livro gira em torno de U$15 (R$81,50). Segundo o Kan 11, a Rodina Publishing tem histórico de comercialização de livros de cunho antissemita. Na reportagem, o jornal publica uma foto do que seria o livro comercializado no idioma russo.
No dia 7 de outubro de 2023, terroristas fortemente armados do Hamas invadiram Israel por céu, terra, e mar, vitimando mais de 1200 israelenses e sequestrando 251, incluindo mulheres, idosos e bebês.
Morto em 2024, Sinwar era obcecado por destruição de Israel
Até o dia de sua morte em Rafah, no extremo sul da Faixa de Gaza, pelas FDI, no dia 17 de outubro de 2024, Sinwar era o homem mais procurado por Israel desde o início da guerra, em 2023.
Até o dia de sua morte, seu paradeiro estava praticamente desconhecido pelas FDI, mas acreditava-se que ele estava em um dos túneis construídos no enclave para fugir do radar do país vizinho.
O líder radical representava a linha mais dura e beligerante do Hamas. Nascido em um campo de refugiados na cidade de Khan Younis, Sinwar foi eleito líder da milícia em Gaza em 2017, depois de construir uma reputação de inimigo ferrenho de Israel e, em 6 de agosto – após a morte em Teerã do então chefe do escritório político, Ismail Haniyeh – foi escolhido para o posto mais alto no organograma do grupo terrorista.
Tamanha a fama de radicalismo de Sinwar, 61 anos, que ele ficou conhecido pelo apelido de “açougueiro de Khan Younis”, devido a sua trajetória marcada pela violência extrema e imenso poder dentro do Hamas.
Sua jornada dentro da milícia palestina começou ainda na década de 1980, quando foi recrutado pelo fundador, Sheik Ahmed Yassin, morto por Israel em 2004. O reconhecimento de Yassin veio após Sinwar ser preso por Israel pela primeira vez em 1982, aos 19 anos.
Dois anos após a fundação do grupo, em 1987, o mais recente líder morto criou uma temida unidade militar que era encarregada de reprimir suspeitos de traição e aplicar rigorosas leis de “moralidade islâmica”, a Al Majd.
Suas ações enquanto chefe desta unidade militar fizeram com que ele adquirisse uma reputação temida no enclave palestino e entre seus adversários.
Sua facilidade em conduzir operações violentas e sua crescente influência ficaram ainda mais evidentes em 1988, quando ele ajudou a sequestrar e assassinar dois soldados das Forças de Defesa de Israel (FDI). Após este ato, Sinwar foi capturado e preso pelas forças de Israel, sendo condenado no país a uma pena de 22 anos.
Em 2011, foi libertado em uma troca de mais de mil prisioneiros palestinos pelo militar israelense Gilad Shalit, que estava sequestrado em Gaza.
Para o líder da milícia, a “luta armada” era a única maneira de forçar a criação de uma nação palestina, conta o jornal Times of Israel.
A ideologia extremista do Hamas enxerga Israel como uma força inimiga que deve ser destruída conforme apontado na Carta de Princípios do grupo, uma visão fortemente defendida por Sinwar antes mesmo de se tornar o líder máximo do grupo terrorista.
Desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023, seu paradeiro era praticamente desconhecido por Israel, que previu que o líder do Hamas estaria em um dos túneis, perto de alguns dos reféns mantidos no enclave como proteção.
Fonte: Gazeta