Pressionado pela guerra na Ucrânia e pela ambição expansionista da Rússia, o governo da Alemanha apresentou nesta quarta-feira (27) um projeto de lei para ampliar significativamente suas Forças Armadas. A proposta prevê a criação de um novo modelo de serviço militar, com possibilidade de retomar o serviço obrigatório, suspenso em 2011. A medida foi anunciada em Berlim pelo chanceler Friedrich Merz e pelo ministro da Defesa, Boris Pistorius, segundo a agência estatal turca Anadolu e o jornal americano The New York Times.
O plano do governo busca aumentar o contingente ativo em 80 mil soldados, passando dos atuais pouco mais de 180 mil para 260 mil militares, além de fortalecer a reserva, que hoje conta com menos de 50 mil homens.
“As Forças Armadas alemãs devem se expandir – a situação de segurança internacional, especialmente o comportamento agressivo da Rússia, exige isso”, afirmou Pistorius.
O projeto cria um modelo híbrido: em um primeiro momento, baseado no voluntariado, mas com a possibilidade de convocação obrigatória caso as metas não sejam atingidas. De acordo com o texto, todos os homens alemães que completarem 18 anos deverão preencher um questionário online, no qual indicarão interesse, habilidades e qualificações para servir no Exército. Mulheres também poderão participar de forma voluntária.
Merz destacou que a proposta moderniza o sistema sem restaurar automaticamente o serviço militar obrigatório.
“No nosso acordo de coalizão, decidimos inicialmente expandir a Bundeswehr (Forças Armadas da Alemanha) de forma voluntária. Estamos agora implementando essa abordagem com a nova lei, que entrará em vigor em 2026”, disse o chanceler. Ele acrescentou, no entanto, que a decisão sobre o possível retorno ao serviço obrigatório dependerá de nova votação no Parlamento.
O incentivo ao voluntariado também prevê benefícios financeiros. Segundo a Anadolu, o governo planeja elevar o salário líquido inicial dos recrutas para cerca de 2.300 euros (cerca de R$ 14,5 mil, na cotação atual), com seguro incluso, além de oferecer programas flexíveis de treinamento e carreira. A meta é passar dos atuais 15 mil voluntários anuais para 40 mil até 2031.
A iniciativa reflete um movimento mais amplo dentro da Europa. Após a reeleição do presidente Donald Trump nos Estados Unidos, a pressão sobre os países da Otan aumentou, com exigências para que cada membro eleve seus gastos militares a pelo menos 5% do PIB. Nesse cenário, Merz vem defendendo que a Alemanha assuma o protagonismo e construa o maior exército convencional do continente.
Fonte: Gazeta