O representante do Panamá em um bureau da ONU sobre a COP 30 afirmou que os países estão sendo “feitos de tolos” pelo Brasil. O comentário tem relação com a dificuldade de conseguir hospedagem para o evento, devido aos altos preços cobrados por hotéis e proprietários de imóveis em Belém. O governo brasileiro não estaria dando atenção às queixas sobre o assunto.
A fala do representante panamenho — posteriormente divulgada nas redes — ocorreu em encontro no qual o Brasil afirma ter esclarecido questões sobre os valores de hospedagem após pressão de inúmeros países.
“Estou absolutamente surpreso e, sinceramente, confuso com o fato de que, pela terceira vez neste Bureau, todas as regiões do mundo falaram com uma só voz à presidência brasileira e, mesmo assim, nossas palavras parecem entrar por um ouvido e sair pelo outro”, afirmou João Carlos Monterrey, representante do Panamá designado para o assunto e também presidente do bureau da ONU.
“É como se estivéssemos vivendo em uma realidade paralela toda vez que participamos dessas reuniões. Além disso, nosso tempo está sendo desperdiçado, e estamos sendo feitos de tolos”, completou Monterrey.
Alvo de críticas, essa foi a terceira reunião que a delegação brasileira teve que prestar esclarecimentos acerca do tema. O governo disse à ONU que não pode custear parte do valor para países que não têm condição e solicitou à própria organização que aumente sua contribuição, que atualmente é de US$ 140 (R$ 759,11) por dia.
“O governo brasileiro já está arcando com custos significativos para a realização da COP30 e, por isso, não há como subsidiar delegações de países”, afirmou a jornalistas, a secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior.
Um levantamento feito há poucos dias pela Gazeta do Povo apurou que parte dos imóveis oferecidos na plataforma oficial da COP30 tem diárias cujos valores variam entre US$ 1,1 mil e US$ 3,6 mil.
Faltando menos de três meses para a COP, quase 90% das delegações dos países que irão participar do evento em Belém ainda não conseguiram acomodações, segundo um levantamento feito pelo secretariado da Convenção sobre Mudança Climática da ONU, a UNFCCC, e divulgada na última sexta-feira (22).
De acordo com a pesquisa, divulgada pelo jornal Valor Econômico, dos 186 países que responderam à consulta, apenas 18 disseram já ter assegurado acomodações para a conferência. Os 168 restantes, ou seja, 88% do total, ainda não têm acomodação garantida.
A inflação nos preços das hospedagens fez com que, no início do mês, 25 países negociadores, incluindo nações desenvolvidas como Canadá, Suécia e Holanda, assinassem um documento oficial pedindo a transferência total ou parcial da conferência climática para outra cidade. A organização do evento afirmou que não havia qualquer possibilidade de mudança.
O Brasil diz que irá montar uma força-tarefa para auxiliar as delegações a encontrarem acomodações em Belém, além de tentar acordos com moradores para oferecer preços acessíveis.
Fonte: Gazeta