O fluxo de migrantes venezuelanos que buscam ajuda no Brasil aumentou após as eleições municipais de julho fraudadas pelo ditador Nicolás Maduro.
Em Pacaraima, no norte de Roraima, a Cáritas Brasileira, instituição que concede apoio aos migrantes registrou um recorde de atendimentos desde maio de 2024, quando a unidade Padre Edy foi instalada.
A média de atendimentos a recém-chegados em Cáritas era de 150 por dia no primeiro semestre e só neste mês, ultrapassou os 350. A estrutura oferece banheiros, duchas, fraldários, lavanderia e bebedouro com água potável de maneira totalmente gratuita.
Até o dia 20 deste mês, a instituição havia realizado 17.212 atendimentos — quase 6 mil a mais que em todo o mês de julho, 11.236. O número de migrantes que buscam apoio saltou de 400 por dia para 860 por dia.
De acordo com G1, em Pacaraima registra-se longas filas de venezuelanos em busca de conseguir a regularização migratória, com novas pessoas chegando a cada momento. Os migrantes do país vizinho relatam a falta de esperança em relação ao regime chavista e enxergam no Brasil uma possibilidade de futuro melhor.
A coordenadora da Cáritas em Pacaraima, Luz Tremaria, confirma que após o pleito venezuelano, “o fluxo cresceu ainda mais”.
“Muitos relatam falta de esperança em mudanças políticas, já que o governo de Maduro se manteve. Eles acreditam que no Brasil terão uma vida melhor”, diz Tremaria.
Wellthon Leal, assessor nacional da Cáritas, também aponta que “o crescimento do fluxo após o último processo eleitoral da Venezuela não parece ser algo temporário. Isso nos pegou de surpresa”.
A organização em Pacaraima fica ao lado do posto de regularização migratória, este, administrado pela Operação Acolhida, força-tarefa liderada pelo Exército nacional.
Ao G1, o governo federal, através da Casa Civil, informou que Operação Acolhida conta com protocolos específicos para “caso de emergências de aumento relevante e súbito na entrada de migrantes e refugiados”.
O estado de Roraima se tornou a principal porta de entrada para migrantes da Venezuela desde 2015, quando a crise econômica, política e social no país se intensificou. Desde esse período, mais de 1 milhão de pessoas cruzaram a fronteira, e metade permanece em território brasileiro.
De acordo com o governo federal, o Brasil recebeu 96.199 venezuelanos no primeiro semestre de 2025, tendo entrado por Roraima 53% deles, isto é, 51.697. O total é 5% superior ao mesmo período do ano passado, quando foi registrado 92.027 migrantes. Os dados de julho e agosto ainda não foram divulgados.
Além da instituição em Pacaraima, há outras duas organizações sanitárias administradas pela Cáritas, ambas em Boa Vista, capital roraimense.
Fonte: Gazeta