Nesta sexta-feira (15), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o ditador da Rússia, Vladimir Putin, se reúnem na cidade de Anchorage, no estado americano do Alasca, para discutir formas de encerrar a guerra na Ucrânia.
O encontro será o primeiro entre os dois líderes durante o segundo mandato do republicano. Antes de Trump, Putin já se encontrou com o ex-presidente republicano George W. Bush, além dos democratas Bill Clinton, Barack Obama e Joe Biden. Relembre as principais cúpulas.
Bill Clinton
A primeira grande cúpula dos dois ocorreu no final do mandato presidencial do democrata, em 2000.
Na ocasião, a reunião foi marcada em Moscou, após quase uma década do final da Guerra Fria, e os líderes discutiram amplamente o controle de armas.
Após o encontro, Clinton afirmou acreditar que Putin é “plenamente capaz de construir uma Rússia próspera e forte, preservando a liberdade, o pluralismo e o Estado de Direito. É um grande desafio. Acho que ele é plenamente capaz de fazê-lo”.
O russo chamou seu homólogo de “político muito experiente”.
“Na minha opinião, estabelecemos não apenas bons laços comerciais, mas também relações pessoais. Para mim, o presidente Clinton é uma pessoa muito confortável e agradável nas negociações”, afirmou Putin.
George W. Bush
O primeiro encontro entre Putin e Bush ocorreu durante uma cúpula na Eslovênia, em junho de 2001. Na ocasião, o ex-presidente republicano afirmou que o encontro havia sido um “passo importante na construção de um relacionamento construtivo e respeitoso com a Rússia”.
Questionado se o líder americano poderia confiar na Rússia, Bush disse que olhou “o homem [Putin] nos olhos” e “o achou muito direto e confiável”.
“Consegui entender sua alma; um homem profundamente comprometido com seu país e com os melhores interesses de seu país”, afirmou à época.

Sobre a reunião, Putin à época falou que foi “muito interessante e positiva”, e que, “como uma pessoa que estudou história”, propôs “uma abordagem e uma visão muito global e em larga escala da história”.
Bush no ano seguinte foi a Moscou, onde os dois mandatários assinaram um tratado para reduzir o número de ogivas nucleares mantidas por ambos os países.
Os dois líderes se encontraram diversas vezes durante o mandato do ex-presidente americano — incluindo visitas de Putin aos EUA, com viagens ao rancho de Bush no Texas e à casa da família em Kennebunkport, Maine, onde Bush costumava hospedar chefes de estado durante seu governo.
Após a invasão americana ao Iraque, em 2003 — à qual a Rússia se opôs —, a relação entre Bush e Putin esfriou e se tensionou.
Cinco anos depois, em uma reunião informal e mais tensa, durante a viagem histórica de Bush a Pequim para as Olimpíadas de Verão de 2008, o presidente americano questionou o ditador russo e expressou preocupações sobre os ataques contínuos da Rússia à vizinha Geórgia.
Na época, o confronto entre o governo russo e a Geórgia era motivado por disputas territoriais envolvendo regiões separatistas.
Barack Obama
O primeiro encontro entre Barack Obama e Putin — que ocupou o cargo de primeiro-ministro durante os primeiros anos de gestão do democrata — ocorreu em Moscou, em julho de 2009. Na ocasião, o presidente dos EUA também visitou o homólogo russo Dmitri Medvedev.
Durante a estadia na capital russa, Obama chegou a declarar que seu maior interesse era lidar com Medvedev, embora também tenha ressaltado interesse em estabelecer diálogo com Putin “e todos os outros setores influentes da sociedade russa para que eu possa ter uma visão completa das necessidades e preocupações do povo russo”.
“Nosso interesse é lidar com o governo russo como um todo para alcançar o melhor relacionamento bilateral que acredito ser possível”, declarou, em seu segundo ano de gestão.

Em 2012, Putin retornou à presidência do país e, um ano depois, a Casa Branca cancelou uma cúpula planejada com o homólogo em Moscou. A razão citada pelos EUA foi a “decisão decepcionante” do governo russo de conceder asilo ao vazador de segurança nacional Edward Snowden, citando a falta de progresso na agenda bilateral dos dois países.
Com o passar do tempo, mais crises e divergências entre as duas nações eclodiram, motivadas pela invasão e anexação ilegal da Crimeia pela Rússia em 2014 e o apoio de Moscou ao ditador sírio Bashar al-Assad, cuja deposição os Estados Unidos haviam exigido.
Obama e Putin voltaram a se reunir em 2015, na Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Esta foi a última visita de Putin aos EUA até a atual cúpula no Alasca.
Donald Trump (primeiro mandato)
Donald Trump e Putin se encontraram pela primeira vez em julho de 2017, durante uma cúpula do G20 em Hamburgo, Alemanha — na ocasião, ambos presidentes.
Um ano depois, o principal encontro entre ambos ocorreu em Helsinque, em julho, quando os líderes conversaram por cerca de duas horas a portas fechadas. Na época, o debate sobre a eleição americana era marcado por alegações de supostas interferências de Moscou.
Em coletiva de imprensa extraordinária, ao lado de Putin, Trump sinalizou aceitar a negação russa de interferência eleitoral após conclusões da inteligência americana.
O tema voltou à cena neste ano, quando após seu retorno à presidência, a diretora de Inteligência Nacional dos EUA, Tulsi Gabbard, retirou o sigilo de documentos do gabinete e afirmou que um deles mostrava evidências de uma “conspiração de traição” por parte de funcionários da gestão Obama durante o pleito eleitoral que elegeu Trump pela primeira vez. O democrata classificou as alegações como “bizarras” e “ultrajantes”.

Sobre as negações russas de interferência eleitoral, Trump disse: “[Putin] acabou de dizer que não é a Rússia. Vou dizer o seguinte. Não vejo razão para que seja”, após encontro com o homólogo. “Tenho grande confiança em meus serviços de inteligência, mas direi que o presidente Putin foi extremamente forte e poderoso em sua negação hoje”, completou.
Quando questionado sobre as razões pela qual o republicano deveria acreditar na negação de Moscou, Putin disse: “Não se pode confiar em ninguém”, e chamou as descobertas das agências de inteligência dos EUA de “um completo absurdo”. Ele também chegou a afirmar que queria que Trump vencesse o pleito “porque ele falou em normalizar a relação EUA-Rússia”.
A situação foi motivo de dor de cabeça para Trump nos EUA e no dia seguinte, o republicano voltou atrás, dizendo que se expressou mal e que queria dizer: “Não vejo razão para que não fosse a Rússia”.
A cúpula também gerou preocupações pela ausência de assessores ou outros funcionários do governo, apenas intérpretes na sala com os dois líderes.
Ainda em 2018, Trump cancelou abruptamente uma reunião planejada com Putin na cúpula do G20 na Argentina, citando a recusa de Moscou em liberar navios e marinheiros da Marinha ucraniana apreendidos perto da Crimeia.
Joe Biden
O ex-presidente americano Joe Biden e Putin se encontraram apenas uma vez durante a gestão do democrata. O episódio ocorreu em Genebra, em junho de 2021, quando a Casa Branca solicitou uma reunião de alto risco com Moscou, a respeito da contínua agressão militar russa contra a Ucrânia.
Na época, Biden mencionou que o encontro foi “positivo” e que havia cumprido “o que vim fazer”. Putin chamou a conversa de mais de três horas de “bastante construtiva”, embora tenha afirmado que a agressão militar da Rússia contra a Ucrânia não era da conta dos americanos.

Menos de um ano após o encontro, em fevereiro de 2022, a Rússia invadiu a Ucrânia, em uma guerra que se estende até os dias atuais.
Fonte: Gazeta