O Ministério da Justiça da Rússia classificou a ONG Repórteres Sem Fronteiras, sediada na França e que defende a liberdade de imprensa em todo o mundo, como uma organização “indesejável”, o que a impede de atuar no território russo.
De acordo com informações do jornal The Moscow Times, nenhuma justificativa foi dada para a medida. A inclusão da Repórteres Sem Fronteiras na lista de organizações “indesejáveis” do Ministério da Justiça russo ocorreu em 27 de junho, mas a designação só apareceu no site da pasta nesta quinta-feira (14).
Pela lei russa, pessoas afiliadas a organizações “indesejáveis” podem ser condenadas a penas de até quatro anos de prisão, enquanto líderes destas organizações podem pegar até seis anos.
“Ao classificar a RSF – uma ONG que defende o jornalismo – como uma organização indesejável, a mensagem do Kremlin é clara. Ele continua sua cruzada para silenciar todas as vozes que expõem sua censura e propaganda. Mas isso não nos silenciará”, afirmou Thibaut Bruttin, diretor-geral da Repórteres Sem Fronteiras, em comunicado.
“De certa forma, ser adicionado a esta lista de cerca de 250 organizações é uma honra para a RSF. A ausência de justificativa sugere que a decisão é um reconhecimento de todo o trabalho da RSF, desde a exfiltração de jornalistas russos até as transmissões via satélite do Svoboda”, acrescentou.
Bruttin fez referência à ajuda que a Repórteres Sem Fronteiras prestou para que jornalistas perseguidos deixassem a Rússia (caso de Ekaterina Barabash, que poderia pegar até dez anos de prisão por críticas que fez ao exército russo) e ao projeto Svoboda, que transmite via satélite informações independentes a 4,5 milhões de domicílios russos e aproximadamente 800 mil nas regiões ocupadas da Ucrânia.
Fonte: Gazeta