O presidente americano, Donald Trump, afirmou nesta quinta-feira (14) que o Brasil é um “péssimo parceiro comercial” e voltou a defender o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) do processo que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
“O Brasil tem sido um péssimo parceiro comercial em termos de tarifas — como você sabe, eles nos cobram tarifas enormes, muito, muito maiores do que as que nós cobramos, e, basicamente, nós nem estávamos cobrando nada”, disse o republicano ao ser questionado sobre as tarifas aplicadas a países sul-americanos e suas relações próximas com a China, em coletiva de imprensa na Casa Branca.
“Eles cobram tarifas enormes e tornaram tudo muito difícil de fazer. Então, agora estão sendo cobrados 50% de tarifas, e não estão felizes, mas é assim que funciona”, afirmou.
No dia 9 de julho, Trump anunciou tarifas de 50% ao Brasil — que entraram em vigor no dia 6 de agosto — após enviar uma carta direcionada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No documento, o republicano criticou a relação comercial considerada injusta entre os países, e a postura do Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-mandatário.
Sobre o Bolsonaro, que atualmente está em prisão domiciliar por decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes, o chefe da Casa Branca voltou a defendê-lo e elogiá-lo.
“O Brasil tem algumas leis muito ruins acontecendo… Quando eles pegam um presidente e eles o colocam na prisão ou estão tentando prendê-lo. Eu conheço esse homem e vou lhe dizer — eu sou bom em avaliar pessoas: acho que ele é um homem honesto. Acho que o que fizeram é uma coisa… Isso é realmente uma execução política que estão tentando fazer com o Bolsonaro”.
Moraes afirmou que ignoraria sanções
No dia 30 de julho, após Moraes “e seus aliados” terem perdido o visto americano, o ministro relator do processo contra Bolsonaro foi alvo da Lei Magnitsky pelo Departamento de Estado americano. Ele foi incluído na lista da Ofac (Office of Foreign Assets Control), órgão do Tesouro dos EUA, acusado de liderar uma “campanha opressiva de censura” e autorizar prisões abusivas de réus da invasão do Congresso em 8 de janeiro de 2023.
As sanções contra o magistrado, segundo a nota do Tesouro Americano, incluem o bloqueio de seus bens nos Estados Unidos, a proibição de transações com cidadãos e empresas americanas e a exclusão do sistema bancário internacional vinculado ao dólar. Na prática, a medida é considerada uma espécie de “pena de morte financeira”.
No começo do mês, durante a sessão de retomada dos trabalhos do STF após o recesso judiciário, Moraes afirmou que seguirá com a mesma condução dos processos referentes à suposta tentativa de golpe e que irá ignorar as sanções impostas a ele.
“O rito processual do STF irá ignorar as sanções praticadas. Esse relator vai ignorar as sanções que foram aplicadas e continuar trabalhando como vem fazendo tanto no Plenário quanto na Primeira Turma, sempre de forma colegiada, diferentemente das mentiras, inverdades e desinformação das redes sociais”, afirmou sob o apoio do presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, e do decano do STF, Gilmar Mendes.
Processos contra Bolsonaro
No dia 4 de agosto, Moraes impôs prisão domiciliar a Bolsonaro após considerar que o ex-mandatário descumpriu medidas cautelares que ele havia imposto, que incluíam recolhimento domiciliar noturno, uso de tornozeleira eletrônica e proibição total de usar redes sociais, em um processo que apurava tentativas de interferência de autoridades estrangeiras no Judiciário brasileiro.
Moraes afirmou que o ex-presidente burlou sistematicamente essas restrições ao produzir conteúdo em manifestações e eventos para ser posteriormente publicado nas contas dos filhos e apoiadores políticos, mantendo o mesmo padrão de conduta que motivou as investigações.
Bolsonaro também é réu no Supremo no processo que investiga a suposta tentativa de golpe de Estado. O ex-presidente que governou o país entre 2019 e 2022 já foi interrogado por Moraes no STF e afirmou que sempre atuou “dentro das quatro linhas” da Constituição, destacou que golpe de Estado “é uma coisa abominável” e reiterou que a possibilidade de ruptura institucional “nem sequer foi cogitada” em seu governo.
Nesta ação penal, além de Bolsonaro, se tornaram réus Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor da Abin, Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa e Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil.
Trump já defendeu Bolsonaro em outras ocasiões
Não é a primeira vez que o presidente americano sai em defesa de Bolsonaro. No mês passado, Trump já havia afirmado, em mais de uma ocasião, que Bolsonaro era inocente, um bom negociador e que ia acompanhar seu caso de perto.
“O Brasil está fazendo uma coisa terrível no tratamento ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Eu tenho assistido, assim como o mundo, como eles não fizeram nada além de ir atrás dele, dia após dia, noite após noite, mês após mês, ano após ano!”, afirmou Trump em sua rede social, a Truth Social, no dia 7 de julho.
Na ocasião, ele destacou que o “único julgamento que deveria estar acontecendo é um julgamento pelos eleitores do Brasil” e que Bolsonaro “não é culpado de nada, exceto por ter lutado pelo povo”.
Ele também comparou a “perseguição política” que o ex-presidente vem sofrendo, com a que ele alega ter sofrido antes das eleições americanas ano passado e pediu reiteradamente para que “deixem Bolsonaro em paz!”.
“Sua eleição foi muito apertada e agora, ele está liderando nas pesquisas. Isso não é nada mais, nada menos, do que um ataque a um oponente político — algo que eu sei muito sobre! Aconteceu comigo, vezes 10, e agora nosso país é o ‘MAIS QUENTE’ do mundo!”.
Fonte: Gazeta