Residentes do pequeno vilarejo praiano holandês de Zandvoort — local que lota de turistas durante os fins de semana — passaram a usar uma tática curiosa para tentar espantar os visitantes: os cidadãos locais, em conjunto, começaram a reportar no Google Maps, aplicativo de trânsito, bloqueios e fechamentos de ruas ao mesmo tempo.
O alto volume de notificações no aplicativo faz com que o sistema entenda que os bloqueios são reais e indique outras rotas para os visitantes. Para os residentes do vilarejo, o objetivo da ação é protestar contra a prefeitura local, para que o órgão tome medidas efetivas contra o excesso de turistas e a falta de estacionamentos.
Entretanto, a manifestação surtiu efeito contrário. Placas de “desative o Google Maps” e instruções de sinalização nas ruas para encontrar estacionamentos foram instaladas pela prefeitura na entrada da cidade. Além disso, o porta-voz da municipalidade disse que conversa com o Google para remover as informações sobre os falsos bloqueios.
Gert-Jan Bluijs, vereador do município, afirmou estar “muito irritado” com a situação e que as falsas notificações levam “mais caos” e “problemas de trânsito” para os bairros vizinhos.
“Crise” de turistas na Europa
A revolta de cidadãos europeus quanto ao excesso de turistas não é algo exclusivo dos residentes de Zandvoort. Em Barcelona, são comuns marchas de locais contra os visitantes.
A alta quantidade de turistas impacta diretamente no custo dos aluguéis para os habitantes, sobretudo, após plataformas de hospedagem como Airbnb se popularizarem.
Protestos mais radicais expulsam turistas de estabelecimentos comerciais com esguichos de pistolas de água e, é cada vez mais comum encontrar, em cidades europeias visadas, adesivos com frases como “Voltem para suas casas” ou “Você não é bem-vindo aqui”.
Em cidades como Nova York, Barcelona e Paris, plataformas de hospedagem como o Booking e o próprio Aribnb foram regulamentadas pelos governos locais para frear a crise de moradia instaurada.
A crise ocorre em razão dos proprietários de imóveis dessas cidades enxergarem na locação de curta temporada para turistas uma possibilidade mais rentável — tendo em perspectiva que os visitantes tendem a estar dispostos a pagar uma diária mais cara do que o aluguel por longas temporadas para residentes locais. O movimento provoca uma redução de ofertas de imóveis para a população local, ocasionando a alta nos preços.
A nível de comparação, o Brasil, de acordo com dados publicados pela Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), registrou em 2024, um fluxo de quase 6,7 milhões de turistas internacionais. Só a cidade de Nova York, no mesmo período, registrou aproximadamente 13 milhões de visitantes internacionais.
Fonte: Gazeta