Três grandes potências da Europa – Reino Unido, França e Alemanha – advertiram nesta terça-feira (12) que estão dispostas a reativar sanções da Organização das Nações Unidas (ONU) contra o regime islâmico do Irã caso não haja avanços concretos nas negociações sobre o programa nuclear do país até o dia 31 de agosto.
A posição, segundo a imprensa britânica, foi formalizada em uma carta conjunta enviada ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e ao Conselho de Segurança, na qual os países, conhecidos também como “E3”, afirmam estar “comprometidos a utilizar todas as ferramentas diplomáticas disponíveis para garantir que o Irã não desenvolva uma arma nuclear”.
O documento, assinado pelos chanceleres Jean-Noël Barrot (França), David Lammy (Reino Unido) e Johann Wadephul (Alemanha), menciona a possibilidade de acionar o chamado “mecanismo de restituição” (snapback) previsto no Plano de Ação Integral Conjunto (JCPOA), de 2015. Esse dispositivo permitiria restaurar automaticamente todas as sanções internacionais suspensas em troca do compromisso de Teerã de limitar o enriquecimento de urânio e aceitar inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). O acordo expira em outubro deste ano.
Segundo o E3, o Irã ultrapassou em mais de 40 vezes o limite de reservas de urânio estipulado no pacto. “Estamos igualmente preparados, e temos fundamentos legais claros, para notificar o descumprimento significativo dos compromissos do JCPOA por parte do Irã, o que ativaria o mecanismo de restituição se não se alcançar uma solução satisfatória para finais de agosto”, diz o texto.
A advertência ocorre após o colapso da cooperação entre Teerã e a AIEA. A relação foi rompida depois da ofensiva israelense, em junho, contra as instalações nucleares do Irã, que durou 12 dias e teve como objetivo declarado atingir a capacidade nuclear do país. Durante o conflito, os Estados Unidos também realizaram bombardeios contra alvos estratégicos iranianos.
Na carta, os três países sustentam que, como signatários do acordo de 2015, têm justificativa legal para recorrer às resoluções da ONU e restaurar medidas punitivas contra o Irã, incluindo a proibição de enriquecimento de urânio e restrições multilaterais ao comércio e à cooperação técnica com Teerã.
Fonte: Gazeta