O deputado italiano Angelo Bonelli afirmou no X nesta terça-feira (29) que comunicou à polícia o paradeiro da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), presa no país europeu.
“Carla Zambelli está em um apartamento, em Roma. Forneci o endereço à polícia, neste momento a polícia está identificando Zambelli”, escreveu o parlamentar. Entretanto, ainda não está claro se ele realmente teve participação na prisão da deputada brasileira.
Bonelli, de 62 anos, já havia se manifestado contra a deputada em junho, quando, poucos dias após Zambelli revelar que estava na Itália, o parlamentar afirmou que havia pedido informações a Matteo Piantedosi, ministro do Interior, e Antonio Tajani, das Relações Exteriores, para saber se o governo italiano implementaria o acordo de cooperação judiciária entre Itália e Brasil em matéria de extradição para prender e enviar Zambelli ao Brasil.
“Não se pode usar a cidadania italiana para escapar de uma condenação. A Itália, portanto, corre o risco de se tomar um paraíso para gente condenada”, afirmou Bonelli na ocasião.
Bonelli, nascido em Roma e que faz parte da oposição à primeira-ministra Giorgia Meloni, sempre militou à esquerda no mundo político italiano.
Seu primeiro partido foi a Federação Verde, onde permaneceu de 1990 a 2021. Depois, foi para a Europa Verde, que incorporou seu partido anterior e posteriormente formou a Aliança Verdes-Esquerda, pela qual ele foi eleito deputado em 2022.
Antes, Bonelli foi vereador em Roma, conselheiro regional e assessor regional para o meio ambiente na região do Lácio (onde está localizada Roma) e eleito pela primeira vez para a Câmara dos Deputados em 2006 – entretanto, não conseguiu se reeleger dois anos depois porque seu partido não conseguiu o número mínimo de votos para eleger candidatos.
Foi eleito novamente para o Conselho Regional do Lazio em 2010, mas perdeu a eleição para prefeito de Taranto, na região da Apúlia, dois anos depois. Foi vereador nesta cidade, mas renunciou ao cargo em 2016, após ser muito criticado pelas suas repetidas ausências nas sessões. Em um comunicado no Facebook, alegou problemas de saúde dos pais e renunciou.
Bonelli tentou voltar ao Parlamento italiano, o que conseguiu apenas em 2022, representando Ímola.
Na Câmara dos Deputados, ele integra o grupo que busca associar Meloni ao fascismo – o partido da premiê, o Irmãos da Itália, é herdeiro de movimentos políticos admiradores do ditador fascista Benito Mussolini.
No ano passado, quando foram reveladas imagens de integrantes da ala jovem do partido fazendo gestos e entoando bordões neofascistas, Meloni criticou-os e afirmou que “não há espaço no Irmãos das Itália para posições racistas ou antissemitas, assim como não há espaço para os nostálgicos do totalitarismo do século XX”.
Apesar da declaração, Bonelli seguiu criticando a primeira-ministra. “Meloni condena tudo, exceto o fascismo”, disse o deputado.
Antes disso, em março, quando Meloni participou de uma sessão da Câmara dos Deputados, Bonelli protagonizou um momento constrangedor, ao dizer à primeira-ministra durante o debate: “Não me olhe com esses olhos perturbadores!”.
Meloni não entendeu e perguntou: “Eu, [estou fazendo] um olhar perturbador?”. Sem saber do que Bonelli falava, a premiê riu e cobriu a cabeça e o rosto com o casaco.
Massimo Gramellini, colunista do jornal Corriere della Sera, escreveu à época que a situação constrangedora revelava a “bipolaridade [política] italiana”.
“Os eleitores de esquerda veem Angelo Bonelli, da bancada da oposição, dizendo a Giorgia Meloni: ‘Não me olhe com esses olhos perturbadores!’ e ficam extasiados: consideram-no sério, confiável, corajoso e mordaz”, afirmou o colunista.
“Os eleitores de direita veem o líder do Partido Verde repreendendo a primeira-ministra e o consideram triste, pedante, chato e muito absorto em seu papel”, argumentou Gramellini.
Fonte: Gazeta