O enviado especial dos Estados Unidos para o Oriente Médio, Steve Witkoff, ordenou a retirada da sua equipe de negociação de Doha, no Catar, devido à “falta de vontade” do grupo terrorista Hamas em alcançar uma trégua na Faixa de Gaza, depois que Israel anunciou o mesmo há algumas horas.
“Decidimos trazer nossa equipe de volta de Doha para consultas após a última resposta do Hamas, que demonstra claramente sua falta de vontade de chegar a um cessar-fogo em Gaza”, anunciou em sua conta no X.
O enviado dos EUA disse que os mediadores “fizeram um grande esforço”, mas lamentou que o Hamas “não parece estar coordenado ou agindo de boa-fé” e disse que considerará “alternativas” para garantir a libertação dos reféns israelenses.
“É uma pena que o Hamas tenha agido de forma tão egoísta. Estamos determinados a buscar um fim para esse conflito e uma paz permanente em Gaza”, disse Witkoff.
O porta-voz adjunto do Departamento de Estado dos EUA, Tommy Pigott, acrescentou que a situação é “muito dinâmica” e que o compromisso e a “boa-fé” dos EUA sobre a questão nunca foram questionados.
“A questão aqui sempre foi o comprometimento do Hamas com um cessar-fogo ou sua disposição de conseguir um”, comentou em entrevista coletiva em Washington, na qual criticou tanto a quebra dos vários cessar-fogos em vigor por parte do grupo terrorista palestino quanto a falta de disposição para promover um novo cessar-fogo.
Os Estados Unidos, segundo ele, continuam comprometidos com o fim do conflito e com a tentativa de levar o máximo possível de ajuda a Gaza. Essa “catástrofe humanitária”, em sua opinião, “recai sobre o Hamas, que poderia encerrar o conflito agora, libertando os reféns e depondo suas armas”.
Nesta quinta-feira, o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, também anunciou o retorno da delegação israelense em Doha “à luz da resposta do Hamas nesta manhã” à proposta sobre a mesa para continuar as consultas em Doha.
Fontes próximas às negociações consultadas pelo canal de televisão israelense 12 apontam que o Hamas endureceu sua posição em relação a diferentes pontos de atrito nas negociações: quantos reféns serão libertados, as linhas de retirada do exército israelense e a presença da Fundação Humanitária para Gaza (GHF) dos EUA para distribuir ajuda no enclave.
O jornal Yedioth Ahronoth, o mais lido em Israel, afirmou que, embora a proposta incluísse a libertação de 125 prisioneiros palestinos em prisões israelenses com penas de prisão perpétua e 1,2 mil detidos após o ataque de 7 de outubro de 2023, o Hamas passou a pedir a libertação de 150 e 2 mil, respectivamente.
Normalmente, o número de prisioneiros a serem liberados corresponde ao valor atribuído pelos terroristas aos reféns israelenses que seriam liberados da Faixa de Gaza, que muda dependendo de características como idade ou se eram soldados ativos.
Além disso, o Hamas está exigindo uma cláusula que impediria a retomada dos combates em Gaza após a trégua de 60 dias incluída na proposta, caso as partes não cheguem a um acordo sobre a transição para um cessar-fogo permanente durante esse período, disse o jornal.
A proposta atual afirma que as partes devem negociar uma transição de 60 dias para um cessar-fogo no final da ofensiva israelense e que, se não conseguirem chegar a um acordo, a trégua pode ser estendida até que o alcancem.
No entanto, Netanyahu já ameaçou que, se as negociações não forem bem-sucedidas durante os 60 dias, Israel retomará a ofensiva.
Fonte: Gazeta