Desde que anunciou a nova política comercial dos Estados Unidos no “Dia da Libertação”, em abril, o presidente Donald Trump deixou claro que seu principal alvo é a China.
Dois acordos fechados recentemente apontam como o governo americano pretende atingir o gigante asiático não apenas diretamente, por meio de medidas específicas para Pequim, mas também pelo isolamento de seus parceiros regionais.
No último dia 15, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que estava fechando um acordo comercial com a Indonésia, país asiático onde a China tem forte influência econômica, visto que é o principal aliado nos negócios.
O líder da Casa Branca informou que a Indonésia passará a comprar energia, produtos agrícolas e aviões da fabricante americana Boeing por um valor total de cerca de US$ 40 bilhões, além de aceitar uma tarifa de 19% para produtos exportados para o território americano.
O pacto foi confirmado nessa terça-feira por Trump na Truth Social, com mais detalhes. Segundo o presidente, o acordo incluirá o acesso a minerais críticos do país asiático, juntamente com compromissos para a compra de aeronaves e energia americana. “A Indonésia fornecerá aos Estados Unidos seus importantes minerais críticos e analisará importantes acordos de compras de bilhões de dólares para a compra de aeronaves Boeing, produtos agrícolas americanos e energia americana”, informou.
Na semana passada, Trump já havia comentado que, como parte da negociação, a Indonésia tinha aceitado comprar US$ 15 bilhões em energia dos EUA, US$ 4,5 bilhões em produtos agrícolas dos EUA e 50 aviões da Boeing, “muitos deles 777”.
O ditador Xi Jinping expandiu sua parceria estratégica recentemente, no ano passado, com uma visita presencial ao homólogo indonésio, Prabowo Subianto. Na ocasião, um relatório oficial apontou que os acordos firmados envolveram o setor de mineração e recursos marítimos. Ainda, o governo local informou que diversos acordos de investimento foram assinados no valor de mais de US$ 10 bilhões.
De acordo com a mídia estatal chinesa CCTV, o ditador Xi fez promessas à Indonésia na ocasião, visando ampliar sua influência no país, como fez em diversas nações do continente americano. Pequim prometeu “colaborar” na redução da pobreza, no envio de medicamentos, cultivo de grãos e na indústria pesqueira.
Inicialmente, em 2 de abril, quando anunciou “tarifas recíprocas” para os parceiros comerciais dos EUA, Trump impôs à Indonésia uma tarifa alfandegária de 32%, que agora foi reduzida para 19%.
Outro acordo alcançado pelo governo americano neste mês foi com o Vietnã, país da Ásia que também tem uma relação comercial significativa com Pequim.
Em 2 de julho, Trump anunciou “acesso total” ao mercado vietnamita. Em contrapartida, o país asiático deve pagar 20% de tarifas sobre as importações.
Um detalhe relevante dessa negociação é que Washington estabeleceu uma taxação de 40% sobre os envios de mercadorias vietnamitas via terceiros países, o que afeta diretamente a China.
Isso porque o gigante asiático utiliza uma prática comercial para burlar a identificação de seus produtos por meio de países regionais. O Vietnã é um desses países usados para contornar as tarifas americanas sobre seus produtos. Se descoberto em transações do tipo, o Vietnã pode arcar com um prejuízo significativo.
Com a nova pressão sobre os países parceiros da China, Trump busca expandir um projeto que iniciou em seu primeiro mandato. Na ocasião, ele buscou retirar de empresas americanas a dependência da China. Agora, aparentemente, tenta acabar com essa influência em nível global, por meio de acordos comerciais individuais com os Estados Unidos, visando retirar os produtos chineses da cadeia de suprimentos globais.
Fonte: Gazeta