O chanceler da Áustria, Christian Stocker, anunciou nesta semana uma mudança de rota nas políticas do governo relacionadas à defesa.
Em entrevista ao The New York Times, o governante informou sobre um plano para dobrar os gastos militares em meio às crescentes ameaças na Europa, apesar do país ser conhecido por sua neutralidade histórica.
“Após a queda da Cortina de Ferro, após um esforço de paz que se desenvolveu a partir da década de 1970 sob o comando do [falecido presidente americano] Jimmy Carter, o desarmamento era um sonho muito aguardado, mas que agora acabou”, disse ao Times na segunda-feira (21).
Há décadas, a Áustria vinha reduzindo o orçamento dedicado à defesa nacional. Agora, com a nova onda de instabilidade no continente europeu, o país busca reverter a política de desarmamento e se juntar aos países vizinhos nos planos de ampliar drasticamente os gastos militares.
Apesar de não ser membro da Otan, o país tem sido pressionado por vizinhos, como Alemanha, que já concordou em elevar o orçamento militar para 5% do PIB, em alinhamento com o presidente americano, Donald Trump.
Até 2032, a Áustria pretende dobrar gradualmente esses gastos, que passarão de menos de 1% para 2%.
O chanceler ressaltou que “as questões de defesa estão se tornando mais importantes na Áustria em uma nova ordem mundial que está mudando rapidamente”.
Ele deu exemplos dessa nova realidade ao Times, citando a invasão da Rússia na Ucrânia – apesar de não ter descrito Moscou como uma ameaça à segurança austríaca – e os planos do presidente Trump de impor tarifas aos aliados.
Um obstáculo que o governo terá para mudar de rota na política de desarmamento é uma cláusula de neutralidade disposta na Constituição austríaca, que exigiria uma maioria de dois terços no Parlamento austríaco, com 183 cadeiras, para alterá-la.
Fonte: Gazeta