O comissário europeu de Defesa e Espaço, Andrius Kubilius, afirmou nesta segunda-feira (21) que vê como um bom sinal o endurecimento da postura do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação ao ditador russo, Vladimir Putin, a quem o americano deu um ultimato para chegar a um acordo de paz com a Ucrânia.
“É uma evolução positiva neste momento, especialmente porque agora há novas oportunidades para apoiar a Ucrânia, que está sofrendo um aumento dos ataques russos com drones e mísseis”, disse o alto funcionário da União Europeia em entrevista coletiva durante visita oficial de seis dias aos EUA.
Kubilius parabenizou o acordo entre o governo Trump e a Otan para continuar o fornecimento de armas para a Ucrânia, incluindo equipamentos de defesa antiaérea Patriot, anunciado pelo mandatário americano em 14 de julho.
Antes, Trump havia optado por uma posição negociadora com Putin, mas na última semana mudou sua postura, frustrado com a recusa de Putin em parar os bombardeios contra a Ucrânia, e ameaçou impor “tarifas muito severas” à Rússia e secundárias se um acordo de paz com o vizinho não for fechado em um prazo de 50 dias.
Para Kubilius, “é algo positivo que o presidente Trump tenha entendido que Putin diz uma coisa, mas faz outra”, e declarou que isso “talvez a Europa tenha entendido antes, mas é uma lição que levou tempo para o novo governo” de Washington.
“O que acontecerá depois desses 50 dias? Não posso prever. Mas sei uma coisa: a única coisa que Putin entende é a força, todo o resto ele interpreta como fraqueza”, advertiu.
O comissário destacou ainda o compromisso do bloco europeu com a defesa de Kiev e ressaltou o início dos novos empréstimos milionários aprovados pela UE, que permitirão aos Estados-membros e associados – como a Ucrânia – solicitar créditos para aquisições conjuntas de material militar.
Ele também ressaltou a reforma para acelerar as licenças industriais para a defesa e reduzir a burocracia associada a esses processos.
Kubilius enfatizou a importância de priorizar e desenvolver capacidades de defesa estratégicas próprias diante de uma possível redução da presença ou apoio americano no espaço europeu.
Entre os motivos da viagem aos EUA, está o diálogo com seus pares americanos sobre a possível retirada.
“Estamos nos preparando para assumir a responsabilidade sobre nossos próprios ombros. Não sabemos o que os americanos decidirão sobre manter ou retirar suas tropas, essa é uma decisão que lhes compete. Nossa responsabilidade é estar prontos para assumir esse papel”, disse à imprensa.
Kubilius revelou que a UE está impulsionando importantes projetos de forma autônoma, entre eles “novos sistemas de comunicação via satélite segura e um novo sistema de observação governamental para obter dados de altíssima precisão do espaço”.
“De qualquer forma, nossa perspectiva não muda de acordo com o que os americanos decidam: vamos continuar desenvolvendo nossas capacidades, e se os americanos permanecerem, melhor ainda, seremos mais fortes”, concluiu.
Fonte: Gazeta