O secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, assegurou neste domingo (20) que as tarifas impostas pelos Estados Unidos entrarão em vigor em 1º de agosto, dia que considerou como um “prazo final rígido”. “Nada impede os países de falar conosco depois de 1º de agosto, mas eles vão começar a pagar as tarifas em 1º de agosto”, afirmou à emissora americana CBS.
Lutnick disse ainda que a implementação das taxas tem como objetivo deixar os Estados Unidos “mais fortes” e “proteger o país”. Ele afirma que até o momento, a implementação das tarifas fez com que os países afetados “viessem para a mesa de negociação” e que terão de “abrir seus mercados ou vão pagar a tarifa”.
No dia 9 de julho, Trump impôs tarifas de 50% ao Brasil, após enviar uma carta direcionada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No documento, o republicano também criticou a relação comercial injusta mantida entre os países, e a postura do Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL).
“Eu conheci e lidei com o ex-presidente Jair Bolsonaro e o respeitava profundamente. A forma como o Brasil tratou o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Este julgamento não deveria estar acontecendo. É uma caça às bruxas que deve terminar IMEDIATAMENTE!”, escreveu o republicano.
Quais países já negociaram?
Reino Unido
Após o anúncio de um acordo preliminar em maio, no último dia 16 o Reino Unido e os Estados Unidos formalizaram um acordo para a redução de tarifas sobre carros, aço e alumínio britânicos, além de equipamentos aeroespaciais.
O anúncio foi feito pelo presidente Donald Trump e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, durante a Cúpula do G7. No entanto, aço, alumínio e alguns outros setores, como o farmacêutico, acabaram não inclusos em um acordo específico, obedecendo tarifas gerais impostas a todos os países.
China
No dia 27 de junho, a China confirmou um acordo comercial com os Estados Unidos, envolvendo bens restritos, como terras raras, e flexibiização de restrições comerciais.
O documento assinado em Londres sinaliza que “a China revisará e aprovará os pedidos de exportação de bens controlados que cumpram os requisitos conforme a lei”, em uma aparente referência às terras raras, minerais essenciais para setores como defesa e indústria automotiva, cuja produção é controlada pelo regime de Xi Jinping, que impôs restrições à sua venda ao exterior no início de abril.
Em troca, o Ministério do Comércio informou que “os Estados Unidos concordaram em cancelar uma série de medidas restritivas que tomaram contra a China”, sem oferecer detalhes a respeito.
No dia 12 de maio, ambos os países já tinham reduzido tarifas mútuas; os EUA baixaram de 145% para 30% e a China de 125% para 10%.
Entretanto, os Estados Unidos podem voltar a mirar o país asiático com novas tarifas secundárias, que miram também outros países do Brics. Com objetivo de fazer a Rússia aderir a um acordo de cessar-fogo na Ucrânia, Trump pode atingir o Brasil, China e a Índia – países que compram combustível russo e ajudam Putin a manter sua máquina de guerra.
O republicano afirmou que aplicará tarifas de 100% sobre produtos importados da Rússia e secundárias no mesmo patamar a nações que compram do país de Putin caso não seja alcançado um acordo para interromper a guerra com a Ucrânia dentro de 50 dias.
“Estou decepcionado com o presidente Putin, porque pensei que poderíamos ter chegado a um acordo há dois meses, mas parece que não chegamos lá. Então, com base nisso, vamos aplicar tarifas secundárias”, afirmou o presidente americano.
Vietnã
No dia 2 de julho, os Estados Unidos e o Vietnã chegaram a um acordo de redução de tarifas, em troca da abertura do mercado vietnamita para produtos americanos.
O acordo impacta diretamente a China, um importante parceiro comercial do Vietnã. Trump afirmou que imporia uma tarifa de 20% sobre todas as importações e uma tarifa de 40% sobre qualquer “transbordo”.
Os Estados Unidos são o maior mercado de exportação do país asiático, e a tarifa imposta por Trump estava em 46% antes dessa negociação – na época, uma das mais altas já enfrentadas por qualquer país.
Indonésia
No dia 15 de julho, Trump anunciou um acordo comercial com a Indonésia, estabelecendo uma tarifa de 19% para o país asiático – o republicano havia ameaçado impor uma de 32%. Por outro lado, ficou acordado que os Estados Unidos não pagarão tarifas.
Após o anúncio, Trump afirmou que seu país terá “acesso total à Indonésia, e temos mais alguns desses acordos que serão anunciados”. “Negociei diretamente com o respeitadíssimo presidente deles.”, escreveu em sua rede social, a Truth Social.
Quais países estão em acordos avançados, mas ainda não finalizados?
México e União Europeia
No dia 12 de julho, a presidente do México, Claudia Sheinbaum afirmou que acredita que um acordo com os Estados Unidos possa ser alcançado antes que as tarifas de 30% entrem em vigor em 1º de agosto.
“Acreditamos que chegaremos a um acordo com o governo dos EUA e, claro, em melhores condições”, afirmou Sheinbaum.
Negociações estavam em curso, mas foram interrompidas quando Trump anunciou que aplicaria uma tarifa de 30% sobre produtos da União Europeia e do México, no início da semana passada, quando o republicano enviou mais de 25 cartas tarifárias .As taxas entram em vigor em 1º de agosto, mas o republicano ameaçou aumentá-las caso a UE ou o México aplicassem medidas retaliatórias.
O comissário de Comércio da União Europeia, Maros Sefcovic, afirmou no último dia 14 que o bloco quer “negociar tarifas com os EUA primeiro, mas tudo está sobre a mesa, inclusive retaliação”.
Sefcovic afirmou ainda que ambos estavam “muito próximos de um acordo” e que vinha conversando com os americanos quase todos os dias da semana passada anterior à carta de Trump, que criou “uma dinâmica totalmente diferente”.
Fonte: Gazeta